
Starbucks, uma marca aspiracional? Foto: Depositphotos.
A SouthRock Capital, dona da rede de cafeterias Starbucks no Brasil, entrou com um pedido de recuperação judicial nesta terça-feira, 31.
Segundo revela o Valor Econômico, as dívidas do fundo estão estimadas em torno de R$ 1,8 bilhão.
A consultoria Galeazzi, conhecida por ser enérgica quando o assunto é corte de custos, foi contratada para conduzir o processo de reestruturação do negócio.
Além do Starbucks, o SouthRock Capital é também dono da rede de supermercados de luxo Eataly e da rede de fast-food Subway (que ficou fora da recuperação judicial, segundo as fontes do Valor).
A SouthRock foi fundada em 2015, para atuar no segmento de alimentos e bebidas no Brasil.
Em 2018, o fundo comprou a operação da Starbucks no país, composta na época por 113 lojas, na época só no Rio de Janeiro e em São Paulo (ainda hoje, são quase 10 lojas só na região da Avenida Paulista).
Sob a nova gestão, o Starbucks ampliou a presença para nove estados pelo país, chegando a 190 lojas em Santa Catarina, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Brasília e, a partir deste ano, na Bahia.
Foi justamente nessa expansão que começou o problema. As fontes ouvidas pelo Valor falam em “expansão promovida de forma desestruturada”, que teria levado a dificuldades para pagar o aluguel dos pontos, a maioria deles em espaços .
O LADO SOCIOLÓGICO
Se os leitores permitem um pouco de teorias furadas, mais do que o destino de uma rede de cafeterias, a recuperação judicial do Starbucks no Brasil coloca em cheque toda uma aspiração a um determinado estilo de vida.
(O repórter que vos escreve, um ex-morador da leal e valerosa cidade de Porto Alegre, lembra do entusiasmo da imprensa local com a abertura de uma franquia do Starbucks, ainda em 2021).
Tudo isso porque a rede preservou no Brasil por mais tempo a aura cool que tinha nos seus primórdios nos Estados Unidos, se tornando um destino preferencial para jovens em profissões que podem ser executadas desde um notebook, enquanto se toma um café com sabor de maçã por R$ 21.
Aparentemente, não existe o número suficiente deles no país, pelo menos fora de São Paulo.