
Emerson Vitalino, durante protesto na Paulista.
A demissão de um funcionário envolvido nos protestos organizados por torcidas de futebol na avenida Paulista, em São Paulo, colocou a Softtek na lista de empresas pressionadas pela militância de esquerda na Internet.
Emerson Vitalino, desenvolvedor de software contratado como pessoa jurídica pela multinacional mexicana, esteve no centro do confronto entre manifestantes pró-governo e um torcidas organizadas de futebol, que convocaram um ato definido como “antifascista” e “pró-democracia”.
Durante o ato, no domingo, 31, Vitalino aparece em imagens com o punho erguido em frente a apoiadores do presidente Bolsonaro.
Segundo Vitaliano disse ao UOL, ele foi demitido pela Softtek na segunda-feira, 1, por “perseguição política”.
"Meu contrato era de seis meses, e eu só recebia elogios pelo meu trabalho", disse Vitaliano, que é diretor e conselheiro da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians.
Ainda segundo o profissional, o gerente da Softtek que ligou para fazer a demissão teria dito que o motivo da demissão era a participação no protesto e um vídeo em que aparece com o ex-presidente Lula.
A Softtek, por meio de nota, negou ao UOL qualquer motivação política no desligamento: “Nossas políticas de RH cumprem os regulamentos e estão alinhadas ao nosso código de ética”.
Independente da demissão ter sido política ou não (muita gente está sendo demitida nas últimas semanas), o fato garantiu grande exposição e críticas para a Softtek, uma multinacional mexicana com uma presença discreta no Brasil.
Guilherme Boulos, candidato a presidente pelo PSOL nas últimas eleições, compartilhou a notícia do UOL no Facebook e Twitter, atingindo quase 2 milhões de seguidores, afirmando que a demissão era um “absurdo” e que a Softtek deveria ser “exposta e responsabilizada”.
Felipe Neto, youtuber com 11,8 milhões de seguidores no Twitter, compartilhou a notícia, pedindo por empresas interessadas em contratar o Vitalino, o que parece que já aconteceu.
A situação atravessada pela Softtek mostra uma faceta em alta do movimento contra o governo Bolsonaro, que tem usado a pressão contra empresas como uma forma de fazer política.
Talvez o caso mais notório até agora seja o perfil do Twitter Sleeping Giants, que vem conduzindo uma campanha de pressão para que marcas deixem de anunciar em sites classificados pelos organizadores como de divulgação de fake news.
Desde a fundação, no dia 18 de maio, o Sleeping Giants já conseguiu fazer 130 marcas retirarem campanhas feitas por meio de plataformas de marketing digitais de diferentes sites.
Entre as companhias que cederam às demandas da conta, atualmente com mais 358 mil seguidores no Twitter, estão nomes como Adidas, Carrefour, LATAM, Samsung e Santander.
No final de semana, o Sleeping Giants pressionou diferentes marcas de propriedade ou com investimentos do empresário Carlos Wizard, incluindo Number One Inglês, Topper, Rainha do Brasil, KFC, Pizza Hut, Taco Bell e Mundo Verde, pedindo um “posicionamento” sobre declarações dadas por Wizard e exortando as marcas a “repudiar” os mesmos.
Wizard, que estava cotado para assumir a secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, disse recentemente que o governo faria recontagem de mortos pela Covid-19, por suspeitas de que os números estariam sendo inflados pelos estados visando obter mais verbas.
Com a repercussão negativa das declarações, provavelmente agravada pela pressão direta do Sleeping Giants, Wizard acabou desistindo de assumir a secretaria.