
Investidor anjo anuncia boa nova. Foto: Pixabay.
Os investidores anjo não estão assustados com a crise e seguem dispostos a fazer investimentos em startups.
Pelo menos, é o que aponta uma pesquisa com 190 integrantes dos grupos de investidores-anjo GVAngels, FEA Angels e a Poli Angels, formados por ex-alunos da FVG, FEA e Poli, na qual 50% dizem que crise não afetou a predisposição de investimento.
Para 10%, a crise gerada pela pandemia do coronavírus inclusive aumentou a disposição. Nos 40% restantes, o ânimo de investimento diminuiu.
Ao que parece, a incerteza gerada pela situação do país só represou dinheiro: entre os que planejam investir ainda em 2020, 69,7% pretendem fazê-lo no próximo trimestre, a partir de agosto, quando a maior parte dos analistas espera que a curva dos casos tenha começado a cair.
Só o GVAngels já colocou R$ 6,5 milhões em 18 startups de alto potencial de crescimento e escala.
“As startups que conseguirem atravessar a crise, mostrarão resiliência e liderança necessárias para ser a próxima geração de exits vantajosos - quem sabe até os próximos unicórnios brasileiros. Já cansamos de ouvir que algumas das maiores empresas como Facebook, Microsoft e AirBnb foram fundadas e financiadas em tempos de recessão e esses são os perfis de empresas que saem fortalecidas de tempos como esses”, diz Wlado Teixeira, diretor do GVAngels.
De acordo com Teixeira, o cenário atual traz “grandes oportunidades” para investidores apostarem em startups com descontos interessantes, e em certas instâncias, em downround.
“Haverá uma ligeira correção nos valuation e prolongamento do período entre rounds. Pela experiência que tivemos nos últimos meses, vimos que há uma tendência de readequação de 25% a 35% dos valuation que estavam inflados”, complementa o executivo.
A pesquisa da GVAngels, FEA Angels e a Poli Angel mostrou resultados mais confiantes do que um levantamento equivalente feito pela associação Anjos do Brasil com 109 investidores em 23 de março.
Nessa pesquisa, 64% disseram que a crise gerada pelo coronavírus diminuía a predisposição de investir.
Em outra pergunta 81% dos pesquisados afirmaram que concorda parcialmente ou totalmente que os empreendedores terão mais dificuldade de conseguir investimento anjo ou venture capital nos próximos 18 meses.
Talvez o fator decisivo na diferença tenha sido a data. As respostas da segunda pesquisa, mais otimista, foram colhidas no dia 16 de abril, três semanas depois da primeira.
Três semanas no cenário atual são muito tempo, um período no qual os investidores podem ter se dado conta que as startups estão desesperadas por capital, o que fortalece o lado deles na negociação, e, talvez, a predisposição em arriscar.
O investimento anjo no Brasil já dava alguns sinais de ter batido no teto antes da crise.
Em junho de 2019, a Anjos do Brasil divulgou um levantamento que indicava uma queda de volume de investimento do tipo de 0,4% em 2018, chegando a R$ 979 milhões no total.
Foi a primeira vez que o indicador tem uma queda, desde o começo do levantamento, em 2010. Ainda em 2017, o crescimento era de 16%.
Apesar de chegar perto do bilhão de reais, o volume de investimento no Brasil é apenas 1,2% do que é investido em startups nos Estados Unidos que somam aproximadamente U$ 23,1 bilhões anualmente.