
Michael Slaby. Foto: Baguete.
O conceito high tech, com uso de soluções avançadas ou redes sociais, não devem definir a estratégia de uma companhia ou de uma campanha - na verdade, é o oposto.
Quem afirma é autoridade no assunto: Michael Slaby, CIO das campanhas de Barack Obama em 2008 e 2012, segundo quem as inovações usadas para eleger o atual presidente norte-americano foram reflexo de uma estratégia que nasceu longe da tecnologia.
Em palestra no Ciab 2013 nesta quinta-feira, 13, Slaby explicou que o engajamento para o uso de novas soluções abrange a valorização de ações pequenas, como a estratégia que levou Obama à Casa Branca no primeiro mandato, queou por quatro fases de construção.
As duas primeiras - valores e missão - foram as forças motrizes do processo, ou como definiu o CIO, instituíram uma "identidade comum" e um "propósito comum" entre os apoiadores.
Depois disso veio a fase da estratégia, na qual se definiram ações para mobilizar os colaboradores – que somaram cerca de 200 milhões em 2012.
A etapa de táticas, onde entra de fato o uso da tecnologia, foi o último o. E que o: só em publicidade online, a campanha de Obama investiu US$ 16 milhões.
"Com isso estabelecemos uma clareza para atingir o propósito a alcançar. Cada ação trabalha rumo a um objetivo específico e esse senso de importância para as ações também serve como motivação", explica.
Na primeira eleição de Obama, este planejamento criou o direcionamento e a dinâmica para a campanha nas redes sociais como Twitter, onde o candidato alcançou mais de 500 mil seguidores, e Facebook, com 4,6 milhões de fãs.
Na época, o comitê não possuía uma equipe de TI.
"Foi um tiro no escuro. Fomos consumidores oportunistas da tecnologia social que despontava na época. Não mudamos nossa campanha por conta das inovações, nós reagimos a elas", analisou.
Com toda a mobilização criada na primeira campanha, Slaby e o CTO Harper Reed trabalharam em um "barco maior" para reeleger Obama em 2012.
O ápice desta mobilização popular canalizada através da tecnologia foi a criação do Narwhal e do Dashboard.
Conforme explicou o CIO, as ferramentas usaram a nuvem da Amazon e APIs de data analytics de pesos-pesados como a SAP para aproximar apoiadores e campanha.
Com uma abordagem inteligente, o sistema era capaz de identificar usuários que contribuíram financeiramente com a campanha e interromper o envio de mensagens pedindo mais dinheiro.
Ao total, Obama arrecadou quase US$ 1 bilhão em doações, a maior parte delas, via Internet.
Em vez disso, o contribuinte era motivado a convidar outras pessoas para fazer sua doação.
"Em uma única base, unificamos investidores, voluntários e digital advocates da campanha, em um canal integrado e atento às ações e preferências de cada um. Estabelecemos assim uma base informada e fortalecida, com objetivos bem-definidos", explicou.
Para encerrar, Slaby destacou que os CIOs de muitas companhias ainda se prendem à tecnologia como as soluções de seus processos. Segundo o executivo, é um engano pensar que as soluções tecnológicas são mais poderosas que as pessoas.
"Eu costumo dizer que a tecnologia não é o bolo, nem sequer uma fatia do bolo. Ela é a fôrma", finalizou.
Leandrou Souza cobre o Ciab Febraban a convite da SAP.