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Fim da recuperação judicial está cada vez mais perto (Foto: Divulgação)
Os acionistas de referência da Americanas, grupo que possui participação societária relevante no negócio, estão estudando unir a operação da companhia a um concorrente dentro dos próximos 12 a 24 meses.
É o que apurou o Valor Econômico junto a fontes envolvidas no processo de recuperação judicial da varejista. A ideia seria escolher uma competidora digital de peso.
A publicação destaca que a companhia tem uma rede de pontos pulverizada pelo país a oferecer ao parceiro em potencial. Diante da reestruturação da empresa, a meta é cortar até 10% das 1,8 mil unidades.
Nessa configuração, os imóveis possuem grande relevância para as compras digitais com retirada em loja.
O jornal também conversou com fontes que lideram concorrentes da varejista. Diante do “alto nível de incerteza” envolvendo a companhia, esses executivos afirmam não acreditar nessa possibilidade de negociação.
Nomes internacionais, como Amazon e Mercado Livre, também possuem baixo interesse em uma parceria. De acordo com as fontes ouvidas, as marcas conseguiram crescer no Brasil sem uma estrutura física e com uma estratégia que não se encaixa na ideia de sociedade.
Ainda de acordo com o Valor, Anna Saicali e José Timotheo, ex-diretores da Americanas, fizeram uma tentativa de relacionamento com a Amazon durante sua gestão através da B2W, atual braço on-line do grupo, mas não tiveram progresso.
“Tudo vai depender muito de como será esse ‘business’ pós-reestruturação. O ‘economics’ do negócio ainda é uma incógnita. Fora a questão das dívidas, que parece ter sido resolvida, tem a questão operacional. O faturamento das lojas vai cobrir as despesas fixas? Que margens esse negócio vai ter? São muitas dúvidas ainda”, disse uma fonte não identificada à publicação.
POR DENTRO DO ESCÂNDALO
A Americanas começou 2023 abrindo o jogo sobre as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões em seu balanço, descoberta que levou executivos como Sérgio Rial (ex-CEO) e André Covre (ex-CFO) a renunciarem seus cargos.
Em meio ao escândalo, a companhia cancelou seu espaço de exposição diária no Big Brother Brasil, comprado por uma cota de R$ 105,1 milhões, após quatro anos como parceira principal do reality show.
Uma semana depois, a varejista entrou com um pedido de recuperação judicial para negociar dívidas que totalizavam R$ 43 bilhões. O movimento foi consequência de uma tentativa malsucedida de negociar com seus credores, entre eles BTG Pactual, Bradesco, Safra e Banco do Brasil.
Diante do cenário, a empresa solicitou à Justiça que todos os seus prestadores de serviços públicos e essenciais, incluindo companhias de telecomunicações e provedores de internet, fossem impedidos de interromper os serviços em suas dependências por falta de pagamento.
Como resultado da sequência de notícias, o e-commerce da marca registrou queda de 57% nas visitas entre os dias 11 a 31 de janeiro — desde que o rombo fiscal foi anunciado.
Só no final do ano, em novembro, a varejista conseguiu fechar um acordo com seus principais credores. Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, os maiores acionistas da Americanas, vão colocar mais R$ 12 bilhões na empresa.
Os bancos, por sua vez, vão injetar R$ 12 bilhões na companhia por meio de créditos detidos.
A Americanas informou ainda que, após as medidas de reestruturação, a previsão é apresentar uma dívida bruta de R$ 1,875 bilhão.
Agora, a varejista está focada em sua reestruturação, aprovada na metade de dezembro por 97% de seus credores. O foco por enquanto é investir nas vendas das lojas físicas, que foram menos afetadas pela crise. Atualmente, a operação digital do negócio é o principal problema.
O objetivo é focar na geração de caixa entre 2024 e 2025 para que, em 2026, a companhia já se veja livre da recuperação judicial.