A taiwanesa AOC, fabricante de monitores de computador, planeja montar uma fábrica de telas de cristal líquido (LCD) no Brasil. O investimento total em infraestrutura é calculado em aproximadamente R$ 20 milhões e a projeção é faturar cerca de R$ 170 milhões só no primeiro ano.
A estratégia é erguer uma estrutura em Manaus, no estado do Amazonas, com capacidade para produzir 100 mil telas de LCD no primeiro ano de atividade, saltando para até 600 mil unidades no terceiro ano, segundo informações do Valor Econômico.
Além da fabricação das telas, a empresa pode trazer para o país o processo de montagem de uma série de componentes usados em TVs, como as partes plásticas frontal e traseira dos equipamentos e as placas de circuito impresso, que também são usados em monitores. A meta é fabricar até 1 milhão dessas placas nos primeiros 12 meses de atividade, volume que poderá ser dobrado no período seguinte.
Também está prevista a contratação de 550 pessoas, quadro que em três anos poderá ultraar mil funcionários, incluindo mão de obra indireta.
A assessoria da AOC confirmou o projeto, mas disse não comentar o assunto porque há detalhes sobre a operação ainda não definidos. A movimentação indica o propósito de ganhar espaço no mercado nacional de televisores, setor que só neste ano deverá comercializar 12 milhões de aparelhos. Além da Copa do Mundo, a AOC se prepara para a demanda dos Jogos Olímpicos de 2014.
Investimentos já ultraam US$ 45 mi
Segundo informações divulgadas em seu site brasileiro, a subsidiária conta hoje com 2,1 mil funcionários, entre profissionais de fábricas e da área istrativa. Os investimentos já realizados no país ultraam U$ 45 milhões.
A AOC desembarcou no Brasil em 2004, com a abertura de uma unidade em Manaus para fabricar monitores de computador. Há dois anos, iniciou a montagem de TVs no país e concentrou a produção de monitores em outra fábrica, localizada em Jundiaí, em São Paulo.
Com a nova estrutura, a AOC ampliará o processo fabril e, ao invés de trabalhar com um produto pré-montado, ará a comprar, separadamente, diversos componentes que formam uma TV, para integrá-los no país.
Controlada pelo grupo TPV - Top Victory Electronics, a AOC soma cerca de 27,5 mil funcionários no mundo, com nove fábricas em operação, e vende entre 40 milhões e 50 milhões de unidades de monitores. Em 2009, o faturamento superou US$ 8 bilhões.
A América do Sul, no entanto, ainda tem um papel coadjuvante nos resultados da empresa, embora essa participação venha crescendo. Em 2003, os países da região representavam apenas 3,5% das vendas globais da empresa. No balanço de 2008, a média subiu para 6,5%.
A América do Norte, historicamente, responde por mais de um quarto dos negócios globais da companhia.
Multinacionais de olho no Brasil
O projeto da AOC no Brasil sucede a iniciativa da holandesa Philips, que foi a primeira a trazer a fabricação de suas telas de LCD para o país, há menos de dois meses.
A meta da Philips é que suas instalações na Zona Franca produzam até 1 milhão de telas no primeiro ano de atividade. Até 2012, o volume pode saltar para 1,3 milhão. A operação já envolveu a contratação de 480 profissionais e vai ampliar a cadeia de fornecedores de componentes da empresa, gerando mais de 5 mil postos de trabalho indiretos.
Além do interesse pelo mercado interno, a aprovação das regras do Processo Produtivo Básico (PPB) para fabricação de telas de LCD, reduzindo os impostos para quem conta com produção local, também tem motivado o investimento das multinacionais.
Com a atração dessas empresas, a Zona Franca de Manaus quer convencer os fabricantes globais de que o país tem incentivo fiscal, mercado e infraestrutura para ser base de uma fábrica plena de LCD, isto é, uma operação que faça localmente todo o processo, desde a produção do vidro polarizado e a composição da lâmina até a prensagem da tela de cristal líquido.
Atualmente, nenhum fabricante executa todas as etapas do processo no país. Porém a expectativa é que outras empresas sigam o caminho iniciado pela Philips e que a construção de uma fábrica plena virá com a evolução natural das operações.
Especialistas estimam que um projeto desse tipo envolveria investimento de aproximadamente R$ 1bilhão.