A Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, comprou 14,5% da área imobiliária do grupo Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, que investe da baixa à alta renda. A sociedade marca a entrada direta da Gávea na rota dos empreendimentos populares e do programa Minha Casa, Minha Vida.
O valor do negócio não foi revelado, mas a aquisição representa o maior investimento da companhia - que tem sob sua gestão um patrimônio de R$ 10,2 bilhões - em negócios de longo prazo, segundo informações do Valor Online.
O investimento faz parte do terceiro fundo de private equity da Gávea, de US$ 1,2 bilhão - que no auge da crise investiu em Cosan e Lojas Americanas e ainda tem mais dois ou três investimentos perto de serem fechados.
Segundo Fraga, a empresa se prepara para a captação de um novo fundo ainda este ano. Há pelo menos dois fundos, voltados ao setor imobiliário, em fase final de captação: Prosperitas e a americana Tishman Speyer.
Debaixo da Odebrecht Realizações Imobiliárias está a Bairro Novo - empresa que nasceu de uma parceria com a Gafisa, que saiu do negócio após a compra da Tenda - que representa cerca de 50% do negócio imobiliário. "Nossa vocação é ser um minoritário engajado", afirma o ex-presidente do BC, que já teve participações em imobiliárias listadas.
A abertura de capital, um segundo o mais provável após uma associação como essa - até como porta de saída para o fundo - não está descartada.
Com receita de R$ 400 milhões em 2009, a Odebrecht Realizações representa apenas 1% do grupo. Para este ano, a companhia pretende aumentar os lançamentos em 260%, chegando a R$ 2,8 bilhões e alcançar R$ 2,5 bilhões em vendas, alta de 130% sobre 2009. Se alcançar esses números, a receita deve saltar para pouco mais de R$ 1 bilhão.
No segmento popular, a Odebrecht foca atuação no público de zero a três salários mínimos, a base do Minha Casa, Minha Vida. Conta com a parceria do governo em várias esferas, além de processos industriais e construção rápida, para conseguir ser rentável nesse mercado.