
Becker, um dos pioneiros em Linux no Banrisul. Foto: Baguete Diário
Desde março, o Banrisul exibe os extratos via intranet e internet em Java, evoluindo do CICS (do inglês Customer Information Control System), uma espécie de monitor de transações diversas usado originalmente em sistemas operacionais z/OS e z/VSE dos mainframes da IBM.
A migração, realizada ao longo do último ano, também acarretou a troca do zOS pela plataforma Linux, conforme explica Fábio Becker, analista do banco.
Um projeto que envolveu a TI do Banrisul em um esforço de atualização de um dos serviços mais procurados pelos cerca de 3 milhões de clientes do banco, que agora é “menos engessado”, garante o especialista.
“Saber quanta grana tem é fundamental para qualquer pessoa, e precisamos entregar a melhor experiência possível”, afirmou Becker durante palestra no Fisl 13, em Porto Alegre, nessa quarta-feira, 25. “O CICS exibe uma lista de dados dura”, completou.
EXTRATO JAVA
Com o Java, cada item do extrato pode ser um objeto, explicou o analista.
Com isso, o banco ganha possibilidades como a criação de extratos mais personalizados e integrados.
“Por hora, isso é só uma ideia, mas feita a mudança na linguagem, as mudanças ocorrerão aos poucos”, prevê Becker.
COMO FUNCIONA
Atualmente, quando um usuário a os dados da sua conta no home banking, por exemplo, a requisição cai em uma máquina ACE da Cisco.
De lá, vai para uma estrutura VMware, onde os dados são consultados.
“É uma estrutura duplicada de dados, que nos dá liberdade para trocas ou manutenções, caso algum dia queiramos mudar o ambiente de mainframe”, destacou o analista.
No mainframe, o extrato roda em servidores RedHat 6.0, em um IBM Z/VM, que se comunica com o z/OS via hiper sockets – tecnologia descrita por Becker como uma rede dentro do chip.
A comunicação pode ser direta entre o sistema que roda o extrato e o Z/OS, ou ar por um servidor DB2 Connect RedHat 5.2.
“Mas lá no usuário só chega o saldo, bonitinho”, finalizou o palestrante.
CASAMENTO LONGO
A mudança é mais um dos espaços em que o Linux se prolifera dentro do mainframe do Banrisul.
Há mais de 10 anos na casa, Becker diz que o banco foi o primeiro do mundo a colocar Linux num mainframe,em uma época em que nem a IBM tinha e ao software livre nas grandes estruturas de TI.
NAS COXAS
“Eu tive que colocar a distribuição em uma fita de 34 por 20 e fazer o boot da máquina pela fita. Foi tudo feito no pioneirismo mesmo, meio desacreditado pelo mercado, mas com a autonomia necessária dentro do banco”, relembra Becker.
Hoje, são 30 servidores na instituição gaúcha, com 20 em produção.
Nas contas de Becker, o número aparentemente pequeno na verdade pode representar dezenas de servidores rodando com o Linux, e ajuda a manter um bom desempenho.
Somente nas funções de extrato, por exemplo, são 500 mil os em horas de pico, com 1 milhão de transações.
“Isso sem consumir 10% da capacidade”, garantiu Becker.
Para assegurar a redundância, a empresa mantém dois sites – um na rua Caldas Júnior e outro na Siqueira Campos, ambos no Centro de Porto Alegre, tudo com Linux.
“Além de economia em licença, isso agrega estabilidade e segurança para a nossa operação”, finaliza o analista.