
Profissional brasileiro tem diferenciais únicos. Foto: Pexels.
Um evento com apoio de grandes empresas de tecnologia está apostando no tema criatividade no setor de tecnologia e nos diferenciais dos profissionais brasileiros - é o Borogoday.
Definido pelos organizadores como o “principal evento de transformação criativa do Brasil”, o Borogoday acontece em formato digital nos dias 27, 28 e 29 de outubro e espera atrair 10 mil participantes.
A iniciativa tem apoio de multinacionais de tecnologia como Microsoft, AWS, o Cubo Itaú, centro de inovação referência no país, e consultorias especializadas como HSM Management, Startup Portugal e Motim.
Em nota, o Borogoday explica que quer ajudar a desenvolver o potencial da criatividade genuinamente brasileira e valorizar o “borogodó” como uma vertente positiva do “jeitinho brasileiro”.
O evento será transmitido diretamente de Salvador, na Bahia, o que tem um papel na abordagem, segundo os organizadores.
“Salvador é um local de mentes diferenciadas e com capacidade única de realizar muito com pouco. Exatamente por nossa diretoria viver a inovação na prática, percebemos uma oportunidade de realizar e conscientizar que nós podemos ser a capital mundial vetor de alavancagem desse movimento criativo”, explica Luis Gaban, diretor de Inovação da Secretaria de Inovação e Tecnologia da prefeitura de Salvador.
Além do debate com nomes relevantes da inovação e empreendedorismo, o evento disponibilizará ferramentas como o Borogodômetro, um teste para avaliar o nível de criatividade dos participantes antes e depois do evento.
Mas, afinal, o que é o borogodó? Responde Alex Lima, fundador do movimento Transformação Criativa e organizador do evento:
“Toda engenhosidade e criatividade para solucionar problemas do dia a dia nós chamamos de borogodó. Nossa ideia é ajudar as pessoas a encontrarem o seu próprio diferencial criativo e, tão importante quanto, valorizarem o borogodó alheio”, resume Lima. “Queremos fazer o Borogodó um patrimônio cultural nacional”, comenta agrega.
O borogodó, no entanto, é um termo mais polissêmico do que pode parecer em um primeiro momento, sem um local de nascimento definido.
De acordo com o dicionário Michaelis, “borogodó” é um termo coloquial que significa “atrativo físico especial e irresistível”, ou, ainda, “manifestação delicada de apreço ou de amor; carinho”.
É a mesma definição usada pelo grupo de samba Borogodó, que também já afirmou que a palavra é um termo antigo usado nos morros cariocas.
A revista Super Interessante fez recentemente uma pesquisa sobre o termo, trazido à baila novamente por manifestações do ministro do Supremo Gilmar Mendes sobre o ex-ministro Sérgio Moro.
Na ocasião, Mendes disse, em referência a Moro, que ninguém pode se achar o “ó do borogodó”, além de declarar que “cada um terá o seu tamanho no final da história”.
Nesse caso, o “ó do borogodó”, é uma inversão irônica do significado original, visando sinalizar alguém que espera receber um tratamento especial, por ser melhor do que os outros.
É dessa inversão que surge a a expressão “uó” se popularizou no Brasil entre os anos 1990 e 2000, sendo usada como um adjetivo para definir alguém ou algo inável, enfim, uó.
Esse repórter, no entanto, como alguém fascinado por expressões brasileiras onomatopéicas e algo antiquadas, só pode felicitar aos organizadores por batizar seu evento de Borogoday e não com algum outro trocadilho fraco sobre inovação, transformação digital ou agilidade.
Tomara que o Borogoday não seja considerado uó, não tenha trololó nem nhém-nhém-nhém, gerando um grande auê entre os participantes.