DATA CENTER

BRDigital depois do incêndio 111v1m

José Paulo Linné, diretor de negócios da BRDigital, conversou com a reportagem do Baguete. 4u5i19

13 de março de 2018 - 15:58
BrDigital é um grande player de data center no Rio Grande do Sul. Foto: flickr.com/photos/br1dotcom

BrDigital é um grande player de data center no Rio Grande do Sul. Foto: flickr.com/photos/br1dotcom

Os últimos dias foram de pouco sono para José Paulo Linné, diretor de negócios da BRDigital, empresa de data center cujo instalações em Porto Alegre sofreram um incêndio no final da tarde da terça-feira, 06.

“Eu só fui dormir mesmo na sexta-feira. Foi uma situação complicada na qual tivemos que colocar em prática todos os conhecimentos de gestão de crise da empresa”, resume Linné, que conversou com a reportagem do Baguete sobre o incidente nesta segunda, 12.

O fogo começou em dois dos 50 racks instalados em um dos três data centers do edifício Sul América, um prédio de 13 andares ao lado da Praça da Alfândega, no coração da capital gaúcha.

Chamado internamente de DC 02, o espaço atingido abrigava máquinas de clientes em regime de colocation, totalizando 40% dos clientes atendidos pela estrutura. O fogo nos dois racks causou prejuízos de algum tipo em pelo menos metade dos outros equipamentos.

Outros dois data centers no prédio atendem clientes interessados em adquirir os chamados “cages” e operadoras de telefonia, totalizando 185 racks. Esses não foram atingidos diretamente pelo fogo.

O sistema de prevenção de incêndio a gás funcionou e quando os bombeiros chegaram ao local, cerca de meia hora depois do alarme, o fogo já estava controlado (a fumaça que os populares viram na rua era o gás expulsando a fumaça e não o incêndio propriamente dito).

No entanto, os bombeiros desligaram a energia elétrica de todo o edifício como uma medida de prevenção. A volta da energia só seria liberada no dia seguinte, após a vistoria do Instituto Geral de Perícias para descartar a hipótese de um incêndio criminoso. 

A vistoria aconteceu na manhã e a energia elétrica foi religada às 13h do dia seguinte, horário em que os técnicos da BRDigital começaram a trabalhar dentro das instalações e os clientes começaram a fazer visitas por uma ordem pré-definida. 

Os dois data centers que não haviam sido afetados estavam de volta no ar às 16h30.

No caso das instalações de operadoras de telecomunicações, para os quais o data center  funciona como um ponto de troca de tráfego, a volta foi já no dia anterior, através de distribuição do tráfego por outras alternativas.

O incêndio, no entanto, teve consequências de alta visibilidade para a BRDigital, em parte pela localização central, que garantiu mais cobertura de imprensa para o assunto do que um incidente desse tipo em uma instalação mais afastada.

Além disso, algumas das empresas instaladas no data center mais afetado sofreram paradas nos seus serviços e dispararam comunicados para os seus clientes finais atribuindo o problema ao incêndio. 

Caso mais notório foi o Internacional, que ficou com sistema de check in dos torcedores fora do ar por 24h, gerando queixas de torcedores interessados em entradas para o clássico contra o Grêmio no domingo.

Para completar, grupos de WhattsApp de círculos ligados a tecnologia estavam já no dia seguinte cheios de fotos de equipamentos destruído. Linné viu as fotos e afirma que nem todas eram do data center da BRDigital.

Linné prefere não comentar casos específicos de clientes, destacando apenas que 75% do total dos clientes tiveram interrupções de menos de 24h e alguns não chegaram a ter paradas significativas. O prejuízo ainda está sendo avaliado.

“Nós vamos encarar esse assunto de frente. Todo mundo nesse mercado enfrenta problemas, só que muitas vezes eles não aparecem tanto”, aponta Linné, destacando que pretende abordar o tema durante uma palestra na Futurecom, evento nacional de telecomunicações do qual a BRDigital é uma patrocinadora frequente.

Os problemas do tipo enfrentado pela BRDigital tem começado a ter cada vez mais visibilidade. Só nas últimas duas semanas, o Santander ou quase um dia sem processar transações de cartões (falha elétrica no seu data center) e o Mercado Livre ficou quatro horas fora do ar (falha no data center da Amazon Web Services).

Linné prefere manter um perfil discreto em relação aos seus negócios, mas é um empresário muito conhecido no Rio Grande do Sul e afirma que a reação do mercado foi de apoio, com concorrentes oferecendo ajuda e ligações de apoio de clientes.

Algumas organizações privadas donas de datacenter inclusive procuraram a BrDigital para analisar a sua própria estrutura em busca de problemas. 

“Não tem como não sair machucado de um episódio desses. Mas se tem uma empresa capaz de enfrentar isso é a BRDigital”, afirma Linné.

O empresário assegura que a intenção da BRDigital é manter as instalações no mesmo local, que já abrigou o centro de dados do então banco SulBrasileiro nos anos 80 (a instituição veio a se tornar o Meridional, depois comprado pelo Santander) e é um dos dois únicos edifícios no centro da capital a ser servido por duas subestações de energia (o outro é a sede do Banrisul, localizado nas proximidades).

A BRDigital (conhecida ainda por muitos pelo antigo nome Compuline) é a maior empresa de data center gaúcha e é hoje um negócio de proporções nacionais, com presença em uma série de estados que não são atendidos pelos grandes players multinacionais e operadoras de telecomunicações concentrados em São Paulo e Rio de Janeiro.

A empresa tem tem data centers operando em Florianópolis, Curitiba, Brasília, Recife e Fortaleza. 

A BRDigital é uma das seis empresas do grupo BrCom. No total elas são seis, focando em segmentos e áreas geográficas diferentes. A maior delas é a BRFibra, especializada em fibra ótica e hoje responsável por mais da metade do faturamento total.

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