
Os simuladores de força G – equipamentos que dão mais realismo a jogos eletrônicos de corrida e aviação – da empresa gaúcha BSMotion estão entre as grandes atrações da Campus Party 2012.
Com filas para andar em seus “brinquedinhos”, a empresa atraiu até o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que apareceu na Rede Globo balançando num dos simuladores.
Só falta converter a atração em dinheiro. Apesar da badalação, a empresa ainda analisa como fazer da diversão um negócio sério.
Empreendimento com seis meses como CNPJ, a BSMotion tem três sócios – os irmãos Gabriel Sffair, 26 anos, e João Pedro Sffair, 28 anos, respectivamente estudante e diplomado em engenharia de controle e automação; além de Pedro Boessio, 37 anos, estudante de engenharia mecânica.
Feito em casa
O projeto começou em 2009, quando os irmãos Sffair fizeram um simulador de força G com canos de PVC para dar mais realismo aos seus jogos de corrida. O projeto utilizado foi de um simulador mecânico, adaptado por um engenheiro grego.
Foi a escola do simulador atual, cuja parte mecânica é toda desenvolvida pelos gaúchos, assim como o software que capta as informações do jogo e rea para os comandos dos movimentos de motores e engrenagens.
A brincadeira virou empresa em 2011, quando foi exibida, em uma versão de aço, na Campus Party.
“A reação do público foi muito boa, e a gente viu que poderia ganhar dinheiro com isso”, conta Gabriel Sffair.
O negócio também foi todo ajeitado em casa, com os irmãos, o amigo e um tio, que entrou com o capital inicial de R$ 30 mil para a arrancada da empresa.
Primeiros clientes
De lá para cá, a novidade já foi atração de eventos de montadoras, como a Wolksvagen, construtoras, como Cyrella, e do Planeta Atlântida, sempre disponibilizada gratuitamente aos frequentadores.
Até hoje, a BSMotion já participou de 10 eventos.
E agradou: “teve um que inclusive quis pagar além do combinado, de tanto que gostou”, lembra Sffair.
Força o quê?
De modo simples, a grande atração do simulador, a força G, é a força da gravidade, sentida especialmente em carros e aviões.
Cada vez que um ageiro se sente pressionado ao assento de um carro acelerando, está sentindo os efeitos dessa força, que “joga” o peso para trás, exercendo pressão no corpo.
Por isso, sempre que o simulador da BSMotion é acelerado, o equipamento empina a frente, para criar o mesmo efeito.
No simulador de voo, dá até para sentir a sensação de voar de cabeça para baixo.
Aprovado pelo público
O estudante de Engenharia da Computação William Junior, 19 anos, de Brasília, fez duas tentativas para dar uma volta de três minutos nos simuladores.
Na primeira, a fila era tão grande que ele desistiu. Já na segunda, esperou 40 minutos. E, segundo relata, a espera compensou.
“É, com certeza, o simulador mais realista e com a resposta mais rápida aos comandos. A gente até se perde no controle. Tem que se ambientar um pouco pra depois entrar no jogo de verdade”, disse o estudante, que visita pela primeira vez a Campus Party.
Mas será que ele pagaria para andar no equipamento fora do evento?
“Depende do preço. De R$ 5 a R$ 10, eu pagaria sem pensar. Acima disso, teria que ver outras coisas, como o tempo para jogar", pondera. "Mas é uma ótima ideia”, completa.
Novas possibilidades
Na prática, no entanto, o valor sugerido pelo estudante é baixo, diz Sffaie. Segundo ele, R$ 10 a cada três minutos de jogo não sustenta o negócio.
“A gente tem uma dificuldade de escala. É pouco dinheiro que entra por pessoa (cobrando R$ 10)”, diz Sffair.
Alternativas, no entanto, já são pensadas. A mais óbvia, segundo o empreendedor gaúcho, seria fabricar para venda ao usuário final.
Outra possibilidade é portar a plataforma para outras aplicações, como o cinema 4D.
"Entretanto, não é algo para o curto prazo", ite Sffair. "A não ser que surgisse uma encomenda”, finaliza.
*Guilherme Neves cobre a Campus Party a convite da organização do evento.