
Foto: unclejakey / Flickr
Os planos para a CEEE Telecom foram para a gaveta.
Em abril se completam seis meses da entrega de um estudo de viabilidade para a criação da empresa de telecomunicações dentro da estatal de energia elétrica gaúcha, feito pela consultoria qD, de Campinas.
Procurada pela reportagem do Baguete Diário, a estatal gaúcha de energia elétrica informou que os planos estão em “stand by” pendentes de uma “análise estratégica” que deve acontecer após ser concluído o processo de recuperação financeira da empresa, atualmente em curso.
Stand by tem sido o estado natural do tema, que circula na CEEE desde 1999, quando o grupo recebeu outorga da Anatel para explorar o serviço limitado especializado.
os concretos, no entanto, só começaram a ser tomados 10 anos depois da concessão, quando o presidente da estatal no governo Yeda Crusius, Sérgio Campos de Morais, formou um grupo de trabalho e abriu o edital que resultou na contratação do qD.
Assinado em 21 de dezembro de 2010, o contrato era de três meses, prevendo entrega do estudo de viabilidade em abril de 2011.
Segundo a consultoria, um aditivo no contrato levou ao adiamento dos prazos de entrega.
O qD não comenta o resultado do relatório, detalhes do aditivo, ou alterações no contrato original, como um possível reajuste no valor de R$ 364 mil definido inicialmente como pagamento.
Apesar dos resultados do estudo do qD não estarem abertos ao público, já existem estimativas, ainda que díspares, sobre quanto custaria colocar em operação comercial a rede de fibra óptica da CEEE.
A estatal conta com mais de 1,2 mil quilômetros de linhas de transmissão em fibra óptica, utilizadas, na sua maioria, para troca de informações entre as unidades da companhia.
Pelos cálculos da empresa, ainda é necessária uma expansão de 1,1 mil quilômetros, que estenderia a infraestrutura para a região Central do estado, completando o anel da fibra óptica no Rio Grande do Sul.
Na época em que foi encomendado o estudo de viabilidade, o investimento necessário para a expansão era avaliado pela CEEE em R$ 61 milhões.
Em julho do ano ado, quando foi assinado um convênio de colaboração com a Telebras, o valor estimado para a cobertura de todo o estado foi de R$ 250 milhões.
Decisão é por terceirizar
De qualquer maneira, o engavetamento da CEEE Telecom parece ter mais que ver com uma decisão estratégica do que com problemas de dinheiro.
Em janeiro deste ano a presidente Dilma Rousseff (PT) esteve em Porto Alegre para anunciar o pagamento de uma dívida de R$ 2,3 bilhões com a CEEE, após um litígio que já durava 20 anos.
A opção da estatal no momento parece ser ceder a rede que já possui a outros atores, em projetos de parceira.
Com o PNBL começando a operar, estatais da área de energia que possuem cabos de fibra ótica foram procuradas pela Telebras a fim de firmar convênios e viabilizar a atuação da estatal federal nos estados.
A CEEE não foi exceção. Em julho de 2011, foi assinado um acordo de cooperação técnica com a empresa gaúcha para a instalação do ponto de presença da Telebras no Rio Grande do Sul.
A ideia é atender a cerca de 90% do estado, através do compartilhamento da infraestrutura. Parte da rede é da Telebras, no extremo norte do estado e em um trecho próximo a Uruguaiana; a participação da CEEE fica no Centro-Sul.
Um levantamento prévio das estruturas que a concessionária de energia possui, feito no meio do ano ado, incluindo torres e redes de fibra ótica, foi feito.
Em setembro do ano ado, outro projeto, se valendo da infraestrutura da CEEE entrou em cena.
O Infovia-RS, comandado pela Procergs, tem a ambição de conectar todos os serviços do governo do estado em uma rede única, com uma economia prevista de R$ 91,6 milhões em três anos, para um investimento de R$ 44,9 milhões.
A rede prevê quatro etapas de expansão, aproveitando a Telebrás, que entrará com o sinal, iluminando a estrutura de cabos já existente da Sulgás e da CEEE.