Chico Buarque, agora em 140 caracteres h4d5g

Cerca de 800 novos seguidores por dia e 50 retweets três segundos após cada post. São os números do perfil @chico_buarque no Twitter, criado e mantido pelo diretor-presidente, Cesar Paz, e pelo diretor de criação, Rafael Payão, ambos da agência digital gaúcha AG2.
20 de outubro de 2009 - 14:39
Chico Buarque, agora em 140 caracteres
Cerca de 800 novos seguidores por dia e 50 retweets três segundos após cada post. São os números do perfil @chico_buarque no Twitter, criado e mantido pelo diretor-presidente, Cesar Paz, e pelo diretor de criação, Rafael Payão, ambos da agência digital gaúcha AG2.

O endereço que contabiliza mais de 37 mil seguidores, na sua maioria mulheres, não é um perfil fake do cantor, mas um espaço para cultivar a obra. O microblog, que completa um ano na quarta-feira, 21, é atualizado diariamente com dois a três tweets com frases curtas de músicas do artista e já ultraou 670 postagens.

Os trechos não recebem edição, são colados sem alteração de uma vírgula sequer. A intenção dos criadores é mostrar uma nova forma de consumir a obra musical, supondo que as pessoas não estão acostumadas a ler, mas apenas a ouvir as músicas de Chico Buarque. Afinal, só o último cd do cantor, lançado em 2006 e intitulado “Carioca”, vendeu mais de cem mil cópias, tendo recebido duplo disco de ouro.  

Embora os nomes da dupla de publicitários constem na bio do perfil, alguns seguidores acreditam se tratar do próprio cantor. “É comum recebermos mensagens como ‘Chico, você é lindo’, há pessoas que acham que estão falando diretamente com ele. Por isso não respondemos ninguém, para não gerar confusão, pois alguns poderiam achar que fosse o Chico respondendo”, revela Payão.

Pelo mesmo motivo, ninguém é seguido por @chico_buarque. Os criadores ainda alegam que, se um dia o artista estivesse na internet, não conseguiriam imaginar alguém que ele tivesse interesse de seguir. Assim, como não faz parte do perfil do cantor participar de redes sociais ou ficar seguindo pessoas, a dupla acreditam que ele desconheça a existência do endereço no twitter.

Segundo Payão, a ideia de criar o espaço nasceu de forma natural. “Não foi o caso de pensar em criar o perfil de algum artista ou pessoa famosa. Não houve uma escolha, o que sempre existiu foi a coincidência de eu e o Cesar amarmos há muito tempo a obra do Chico, somos ‘chicólatras’ assumidos. É uma forma de ter um contato diário com a obra e é também nosso atempo preferido”, revela.

Por outro lado, o publicitário pensa que se o projeto envolvesse outra personalidade não alcançaria a mesma proporção. Além de a obra ser extensa, os trechos são profundos e ao mesmo tempo simples, não são opiniões sofisticadas, ao contrário, falam da vida cotidiana e provocam identificação, o que faz com que as pessoas repliquem.

Outro fator que colabora com o sucesso do perfil é a escolha pela ferramenta twitter. Outras ideias, como comunidades no Orkut, blogs e até mesmo ‘chicopedias’, acabavam esbarrando na questão do tempo. Ao mesmo o que não se cogitava utilizar uma plataforma que não fosse realmente boa para falar de Chico Buarque. O twitter surgiu como opção simples e fácil, tanto que permitiu a criação do perfil em três minutos.

Ainda sobre a plataforma, Paz declarou durante o Seminário Info - Twitter, Orkut e Flickr, realizado em setembro, que se trata de um hub de distribuição de conteúdo, porém considera que nem sempre é interessante para as empresas mergulhar no Twitter, já tendo recomendado a alguns clientes não tuitar. “Não adianta fazer tecnologia pela tecnologia”, afirmou.

Em que pese os números do espaço, a dupla deixa claro que o mesmo não está atrelado a nenhuma estratégia comercial ou projeto da AG2. “O perfil nada tem a ver com a agência, nossa única pretensão é fazer com que as pessoas consumam a obra do Chico Buarque. Não fizemos qualquer divulgação, começamos de forma despretensiosa e os seguidores simplesmente foram surgindo”, enfatiza Payão.

Por fim, questionado sobre a música ou disco preferido, o diretor de criação diz ter uma preferência para cada segmento. “É difícil escolher uma, tenho minhas preferências para cada tema. A obra é de uma consistência e coerência que se torna complicado eleger apenas uma música”, conclui.