
Parte da CEEE foi adquirida em 2021 pela Equatorial por R$ 100 mil (Foto: Pexels/Kelly)
A Polícia Civil está investigando uma onda de golpes envolvendo a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, com atuação no Rio Grande do Sul, que já soma ao menos 60 vítimas na região de Porto Alegre.
O grupo de criminosos, ainda não identificado, criou pelo menos dois sites falsos idênticos ao da companhia e fizeram eles aparecerem no topo das buscas do Google.
Ao arem esses portais, os clientes realizam o com o intuito de pagar a segunda via de suas faturas. Para isso, recebem um código de barras para pagamentos via Pix, que, na realidade, redireciona o dinheiro para os golpistas.
Pouco depois, o site sai do ar e um novo é criado para continuar enganando mais pessoas.
Até o momento, não se sabe qual o valor total do desfalque.
Ao site GaúchaZH, algumas das vítimas se queixaram da demora da CEEE para alertar outros consumidores sobre o acontecimento. Por isso, decidiram buscar uma solução para o caso na Justiça.
Uma delas, que não teve o nome revelado, relatou que, ao contatar a empresa após receber um novo alerta de seu débito, foi avisada que a companhia não faz cobranças por Pix e que se tratava de um golpe.
Kellen Franca, outra afetada, conta que, quando procurou a empresa, não foi informada que se tratava de um golpe.
De acordo com ela, a postura da CEEE foi solicitar um comprovante de pagamento, cujo pedido foi indeferido. Apenas na segunda vez que conversou com a companhia, a consumidora foi alertada sobre o crime.
Depois do acontecido, Franca decidiu enviar uma reclamação à ouvidoria da CEEE, bem como para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), além de ter feito um boletim de ocorrência na polícia, denunciando o golpe.
O delegado André Anicet, da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) informou à publicação que já foi instaurado um inquérito sobre o caso e os consumidores já estão sendo chamados para depor.
A investigação contemplará os crimes de estelionato e associação criminosa, a depender do número de responsáveis pela ação.
Em nota oficial, a CEEE afirma que tem alertado seus clientes nas redes sociais e está reforçando sua segurança, apesar de os golpistas não possuírem o aos dados dos consumidores. Além disso, diz estar aberta a negociar as dívidas dos clientes.
"A CEEE Grupo Equatorial informa que os casos de pagamentos por PIX estão relacionados a um golpe, sobre o qual alertamos em nossas redes sociais e canais oficiais no início de outubro. A companhia de energia não aceita, ainda, recebimentos por este meio. A CEEE Grupo Equatorial pede cuidado redobrado ao realizar a busca de '2ª via de fatura' na internet”, publicou a empresa.
O site correto da companhia é baguete-br.diariodoriogrande.com.
A Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), por outro lado, diz que ainda não foi informada pela CEEE em relação às fraudes.
Mesmo assim, a Agergs já notificou a companhia para obter informações sobre a ocorrência e irá investigar também “instabilidades verificadas no site da distribuidora ao longo do mês de outubro e sobre eventuais falhas nas compensações dos pagamentos de faturas emitidas pela empresa”. O prazo concedido à CEEE vai até 18 de novembro.
Fundada em 1943, a CEEE era originalmente propriedade do governo gaúcho e atuava com a geração, transmissão e distribuição de energia pelo Rio Grande do Sul.
Em 2006, a empresa ou por uma reorganização societária que manteve o governo do Rio Grande do Sul como acionista da companhia. A partir disso, surgiu o Grupo CEEE, constituído pelas empresas derivadas da reestruturação.
Dentre elas, estão a Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE Par) e suas controladas, a Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT), e a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D).
Esta última foi adquirida em um leilão em 2021 pela Equatorial Energia, terceiro maior grupo de distribuição do Brasil, por R$ 100 mil.