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A Cogna tem mais de 2,4 milhões de estudantes da Educação Básica ao Ensino Superior. Foto: divulgação.
A Cogna Educação, dona das instituições Kroton, Platos, Saber e Somos Educação, está integrando os dados das diferentes unidades de negócio por meio de um projeto baseado na nuvem Azure, da Microsoft.
O chamado Backbone Educacional é o que se chama no jargão de uma “arquitetura de referência”, um meio pelo qual a holding espera eliminar a complexidade gerada pela diversidades de plataformas e sistemas legados oriundos das aquisições dos últimos anos.
Alguns legados dessas compras eram sistemas proprietários, como no caso da Anhanguera, que foi adquirida pela Kroton para o crescimento no ensino presencial, e do EaD da Unopar, voltada para o aquecimento do ensino a distância.
Havia, ainda, o sistema antigo da Kroton e, neste contexto, foi realizado um trabalho de convergência entre os três, que se tornaram dois grandes softwares: um para o presencial e um para EaD.
As outras aquisições menores foram automaticamente transferidas para um desses sistemas.
Neste processo, todos os legados foram evoluindo. Partes foram desacopladas, partes foram para a nuvem, mas a arquitetura era um “spaghetti”, na definição interna da Cogna: um emaranhado com capacidades de ingresso, acadêmica, financeira e de atendimento misturadas.
Ainda em 2019, o CEO Rodrigo Galindo começou a trazer a proposta de uma transformação mais profunda na companhia, o time foi em busca de uma arquitetura de referência e o projeto do Backbone Educacional começou a ser tracionado.
Para isso, a equipe da Cogna resolveu se basear na teoria dos “five building blocks” da transformação digital, desenvolvido por pesquisadores do MIT. Um desses blocos é justamente o backbone operacional.
Em uma tradução literal, o conceito de espinha dorsal é um alicerce, uma arquitetura de referência na qual todos os dados e todos os processos que são comuns estão centralizados para as plataformas poderem buscá-los.
“Tem um sistema lá na ponta, que é o pé desse corpo, e existe o coração. Via espinha dorsal, essa plataforma consegue ter o ao sangue, o o a tudo que ele precisa. Ela vai buscar esses dados, esses processos, a partir disso”, explica Luis Roberto Macedo Coimbra, diretor de arquitetura de sistemas da Kroton.
Com o projeto, a companhia está pegando todos os processos e dados comuns, centralizando isso no backbone e fazendo refatorações dos diversos sistemas para trazer eles à luz dessa arquitetura.
“Isso é algo simples e óbvio de certa forma. Mas não é isso que a gente vê, principalmente quando viemos desse cenário de várias aquisições”, ressalta Coimbra.
Com a chegada da pandemia, o projeto retomou a relevância. A holding percebeu, no entanto, que levaria muito tempo pra ter a Kroton refatorada e, no final, ainda teria resquícios do legado. Decidiu, então, deixar o sistema atual como estava e pensar no novo.
Agora, essa unidade de negócio tem um programa de transformação em andamento, que avançou durante 2021.
Neste caso, está conectado ao backbone o processo de “order to cash'', realizado com o SAP. A empresa decidiu integrar o sistema com o legado sem que o software antigo enxergue o SAP, vendo apenas a espinha dorsal.
Outras plataformas da Kroton integradas à espinha dorsal são o Microsoft Dynamics, que está com a implantação em andamento para a secretaria digital, bem como um sistema acadêmico e um voltado ao ingresso dos alunos. Estes dois últimos são proprietários.
“Não existe uma conversa direta do nosso ingresso, por exemplo, com o order to cash, do nosso acadêmico com a secretaria ou da secretaria com o ingresso. Então a gente garante que essas plataformas estão se comunicando via a espinha dorsal”, explica o diretor.
Se um dado está nascendo no sistema de ingresso, por exemplo, e é um dado comum que a secretaria vai precisar, ele vai para a espinha dorsal. Na secretaria, quem precisa desse dado vai buscá-lo e, amanhã, esse dado deixa de nascer no ingresso e vai nascer na secretaria.
“Então você consegue fazer todas essas mudanças sem fazer bagunça. Esse é o grande ponto dessa arquitetura de referência e, por isso, a gente foi buscar essa construção. Foi pensando daqui para frente, pois vai ser muito comum você mudar muito, evoluir muito essas plataformas”, explica.
Recentemente, a companhia também publicou o backbone.cogna.com.br, um portal para que os desenvolvedores, inicialmente das empresas da holding, se conectem e façam uso dessa arquitetura de integração. Para o futuro, a intenção é que isso seja aberto.
Segundo Coimbra, os serviços da Azure foram um grande possibilitador para que se utilizasse toda essa arquitetura em algumas ideias.
Até meados de 2017, a empresa utilizava a infraestrutura on-premise e, desde então, foi adotando algumas iniciativas pontuais em cloud. Até chegar à percepção de que precisava ar o crescimento contínuo da aprendizagem por meios digitais.
“A nossa arquitetura técnica daqui pra frente é o uso das clouds públicas, incluindo a Azure e as demais, e o uso do on-premise com outro olhar. A gente está transformando o nosso on-premise de fato em uma cloud privada”, revela Coimbra.
O projeto também inclui a implementação do Azure Cognitive Search, serviço de pesquisa de nuvem executado com inteligência artificial para desenvolvimento de aplicativos web e móveis.
Em meados de 2022, boa parte dos alunos da Kroton já devem viver a nova experiência proporcionada por essas mudanças, que proporcionaram a habilitação dos autosserviços on-line, por exemplo.
A previsão da companhia é completar essa transformação entre 2023 e 2024, quando todo o legado será desligado.
“Daqui pra frente, é cada vez mais a gente agregar features no backbone, aceleradores que vão gerar valor para esses times da Kroton, da Vasta e para todo mundo que estiver conectado nessa solução”, conta.
Com mais de 50 anos de atuação, a Cogna atende mais de 2,4 milhões de estudantes de todo o Brasil, da Educação Básica ao Ensino Superior, sendo 1 milhão de alunos atendidos diretamente e 1,4 milhão de estudantes por meio das escolas e instituições de ensino parceiras.
Na área de tecnologia, cada unidade de negócio da Cogna tem autonomia, mas existe um combinado mais amplo enquanto holding, com a arquitetura do backbone e do lakehouse — este com toda a parte de insights e de análise de dados.
A companhia tem basicamente um olhar de arquitetura de dados e também de alguns projetos estratégicos, como foi no caso do SAP, ficando responsável pelo financeiro, o corporativo e a segurança da informação, além da gestão orçamentária de TI.