
Carlos Rodríguez. Foto: Gláucia Civa
A Colômbia está de olho nas empresas brasileiras, com atenção especial à TIC, e para atraí-las oferece impostos baixos, legislação trabalhista e sistema judiciário estáveis, mão de obra abundante e qualificada, mercado local ávido e facilidade de negociação com o exterior.
O baú de incentivos foi aberto no Rio Grande do Sul nesta quinta-feira, 26, em eventos da Proexport Colômbia em Porto Alegre e Gravataí, nos quais a TI foi maioria entre as empresas participantes.
Sem divulgar nomes, o diretor Comercial da entidade colombiana no Brasil, Carlos Rodríguez, afirmou que, na capital gaúcha, empresas de software para o setor jurídico e industrial, por exemplo, marcaram “forte presença” no seminário sobre Zonas Francas do país.
“Hoje, empresas brasileiras de tecnologia como Totvs, Stefanini e Processor, além de multinacionais, como Microsoft, Indra e outras já aproveitam nossos incentivos em diversos modelos”, conta o gestor. “Temos todo o interesse na TI, especialmente para fomentar nossa política de redução de desemprego”, completa.
Com um PIB que cresceu 5,7% em 2011 – enquanto o do Brasil subiu 2,7% -, a Colômbia acena para os estrangeiros com incentivos como o corte de 33% para 15% no Imposto de Renda nas Zonas Francas, além de tratados de livre comércio com 11 países, o que irá aumentar para 12 no dia 14 de maio, quando o TLC será assinado com os EUA, garante Rodríguez.
“Para exportar, é muito mais fácil da Colômbia: os tratados dão isenção ou abatimento de impostos nas negociações com Canadá, México, Chile, Suíça, membros do Mercosul e outros”, ressalta o diretor Comercial.
Além disso, há a questão do idioma, que, segundo ele, é “o mais compreensível espanhol da América do Sul”, descarregado de acento e expressões locais.
É tudo verdade
Vantagens confirmadas pelo gaúcho Cesar Leite, diretor da Processor, que tem negócios em Bogotá desde 2008.
“Realmente, o idioma é muito amigável, as negociações com outros países são facilitadas, a legislação trabalhista e o sistema judiciário são adequados à TI e muito estáveis, sem brechas para segundas interpretações”, afirma Leite.
A Processor não se vale de qualquer incentivo de Zona Franca colombiana, mas o diretor gaúcho assegura que, mesmo assim, as condições atraem.
“O ambiente tributário é naturalmente muito bom, mesmo sem contar com qualquer tipo de abatimento”, garante o executivo. “Somos pequenos por lá, ainda, mas temos crescido a uma média anual de 100%, enquanto no geral crescemos a 30%”, completa.
Leite confirma, ainda, as possibilidades do mercado local, que, segundo ele, é muito aberto a novas tecnologias, especialmente no setor de pequenas e médias empresas.
SMB carente
Discurso sustentado pelo vice-presidente de Investimentos Estrangeiros da Proexport Colômbia, Juan Carlos González.
“Hoje, as grandes empresas colombianas estão muito bem servidas por soluções SAP, HP, entre outras do gênero, mas as pequenas e médias ainda são muito carentes”, afirma o VP. “Se você perguntar a um pequeno empresário local se a Internet, a TI, são úteis para ele, dirá que não, tão grande é a falta de aplicações para o segmento”, completa.
Para atrair empresas que possam ajudar a mudar este quadro, a entidade de captação de investimentos colombiana aposta também nos incentivos relativos à mão de obra local.
Um deles, a Lei do Primeiro Emprego, que permite abatimento de impostos a empresas que contratarem pessoas acima de 28 anos, impactadas pela violência histórica do país, deficientes, mulheres com mais de 40 anos, entre outras classes menos favorecidas.
Outros incentivos se dão na área de P&D, também com abatimento de imposto de renda para quem investir em ações locais deste segmento.
“E os benefícios de diversas áreas podem ser usados cumulativamente”, comenta Rodríguez.
Mais banda larga
O governo colombiano também tem investido pesado na ampliação da infraestrutura de Internet.
Há cerca de dois anos, o país contava com 2,2 milhões de conexões de banda larga, com 17% dos consumidores residenciais e 7% dos donos de pequenas e médias empresas dispostos a investir no serviço.
Além disso, em 2010 a cobertura de fibra ótica chegava a 200 municípios da Colômbia, mas o governo anunciou a meta de chegar a pelo menos 700 cidades e, para tanto, lançou uma licitação, vencida no ano ado pela mexicana Azteca, que em sua oferta propôs conectar 1.078 municípios, dos quais os primeiros 250 serão atingidos até o fim deste ano.
Trata-se de uma parceria público-privada, que conta com aportes tanto dos mexicanos quanto do governo colombiano, e que, segundo o ministro de Tecnologias da Informação e Comunicação do país, Diego Molano Vega, irá elevar as conexões de Internet locais para 8,8 milhões até 2016.
Zonas Francas e variadas
Pano de fundo do discurso apresentado pela Proexport Colômbia nos mais recentes eventos no Brasil, que aram por Rio Grande do Sul e São Paulo, as Zonas Francas tiveram um boom no país sul-americano desde 2006.
Hoje, estas zonas somam mais de 100, das quais cerca de 33 são parques industriais tradicionais, como nos moldes da brasileira Manaus, e outras aproximadamente 70 sãs as chamadas Uniempresariais.
Neste segundo modelo, uma empresa é sua própria Zona Franca.
“A empresa apresenta sua proposta a entidades colombianas, que reúne Ministério do Comércio, Receita, Proexport e outras, e recebem requisitos a preencher, como cotas mínimas de investimento e geração de empregos”, explica Rodríguez.
Cada companhia tem três anos para atingir as cotas estabelecidas em cada quesito. Os incentivos, porém, são garantidos a partir do primeiro dia em solo colombiano.
“A Colômbia é um mercado muito atraente, com vasta oferta de profissionais qualificados, nível cultural muito bom e grandes possibilidades de crescimento. Recomendo”, finaliza Leite.