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Cavalheiro, Ramos, Rodrigues e Coelho.
Qual é a melhor estratégia para levar adiante os projetos da TI? E, em um cenário de desaceleração da economia, como decidir quais projetos eliminar em prol do corte de custos?
As duas questões foram colocadas durante um com CIOs da GetNet, Sicredi, RBS e Dell realizado nesta quinta-feira, 11, durante o 11º Seminário de Gerenciamento de Projetos do PMI-RS.
A resposta dos quatro profissionais a por, inicialmente, não tentar tomar essa decisão sozinho, fora do contexto da organização.
As quatro empresas tem instância de decisão na qual as áreas clientes da TI compartilhem com o departamento de tecnologia a construção de uma lista de prioridades, discutindo entre si e com o CIO.
“Nós criamos na RBS um sistema de gestão das demandas com participação desde os desenvolvedores até os VPs”, afirma o diretor de TI e Telecom do Grupo RBS, Luiz Ramos, que assumiu o cargo no ano ado vindo da John Deere tendo entre suas missões melhorar a governança de TI.
De acordo com Ramos, a RBS promove reuniões com executivos representando diversas áreas – rádio e jornais, por exemplo – de tal forma que elas possam debater quais são as prioridades. As conclusões são supervisionadas pelos VPs, o que garante aderência à visão estratégica da empresa.
No Sicredi, que vem investindo em governança de TI desde 2010, funciona um sistema similar, no qual as áreas discutem juntas, evitando a construção de compartimentos estanques, nos quais cada gestor sinta que a sua demanda de TI é mais fundamental para destino da organização que outra.
“Acho que a gestão de projetos atingiu a maturidade nas organizações. Hoje a questão mais importante é a gestão de porfólios, da decisão sobre quais projetos são mais importantes. Parace fácil, mas não é”, comenta o diretor executivo de TI e Operações do Sicredi, Paulino Rodrigues.
(O PMI parece estar de acordo com Rodrigues. A entidade acaba de lançar a certificação Porftolio Manager. Apenas 121 profissionais no mundo obtiveram o selo na fase piloto, incluindo os gaúchos Thiago Regal, gerente de projetos na Dell e Juarez Poletto).
Claro que a adoção de uma política de gestão de TI nesses moldes não é um assunto simples. Na Dell, onde um modelo centralizado de decisões está sendo colocado em prática, a implementação esbarra em ideias preconcebidas sobre o papel do CIO e nas dificuldades dos próprios profissionais de TI.
“Muitos executivos da área de negócios podem pensar: afinal, o CIO não foi contratado para definir isso?”, exemplifica o CIO Latin America da Dell, Roberto Coelho, para quem essa abordagem da governança de TI ainda precisa evoluir tanto entre as lideranças intermediárias das organizações quanto no operacional da tecnologia, que precisa tomar contato com a visão estratégica da empresa.
(Uma estatística divulgada recentemente pelo PMI aponta que 58% dos projetos das empresas não estão alinhados com o seu planejamento estratégico).
No final das contas, a construção de uma política consistentes de investimentos – e desinvestimentos – em TI não pode existir sem um entendimento claro dentro da organização de qual, afinal, é seu objetivo, a meta final para a qual a tecnologia, a logística, o jurídico e a tia do café precisam servir.
O ponto foi ressaltado pelo vice-presidente de Tecnologia na GetNet, Cristian Cavalheiro, que citou o livro Sonho grande, sobre a trajetória de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, para comentar que o problema de muitas empresas é “não ter uma causa, não saber o seu propósito”.
“A nossa causa é acabar com o duopólio da Rede e da Cielo. É pra isso que a empresa foi fundada em 2003”, exemplificou Cavalheiro. “Uma vez que se sabe isso, é preciso escolher as pessoas certas, e, com as pessoas certas, escolher quais são os projetos que vão avançar esse objetivo”, resumiu o executivo.