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Funcionários em escritório da ThoughtWorks. Foto: Divulgação.
A ThoughtWorks, empresa de desenvolvimento de software que se tornou uma referência em termos de inclusão de mulheres na força de trabalho, acaba de publicar na Internet um “manual”, que dá um pouco mais de insight sobre as práticas de RH e comunicação da empresa.
Os conteúdos mais chamativos do “Minimanual do respeito e da diversidade no ambiente de trabalho”, criado com o apoio da ONG feminista Think Olga, dizem respeito à linguagem adotada nas comunicações da empresa e a pelo menos uma prática potencialmente controversa de educação interna sobre desigualdade.
De acordo com o manual, de “tempos em tempos”, a empresa organiza a chamada “caminhada do privilégio”, na qual os funcionários são posicionados lado a lado, e, conforme ouvem as perguntas de um "facilitador" dão os a frente, caso identifiquem um "privilégio que detém" ou para trás caso identifiquem um "obstáculo ou dificuldade".
"Esse exercício permite a cada participante uma reflexão pessoal e ao grupo uma reflexão coletiva sobre privilégios e suas implicações", aponta o texto do manual. “O que é óbvio para uma pessoa não é para outra”, conclui.
O manual também traz bastante ênfase na importância da linguagem usada na comunicação interna e externa da empresa, explicando como usar plurais no feminino, como uma forma de “neutralizar a linguagem”, uma vez que na língua portuguesa não existem alternativas neutras e o “gênero masculino é dominante em relação ao feminino”.
O texto traz algumas alternativas para formular frases sem utilizar o gênero masculino, como por exemplo trocar o termo desenvolvedores por “pessoas desenvolvedoras”, funcionários por “pessoas que trabalham na empresa”, executivos por “pessoas executivas” e assim por diante.
"Com esse minimanual, o objetivo é mostrar para o mundo exemplos reais para inspirar decisões profissionais e pessoais, ressaltando a importância de empresas respeitarem e contratarem cada vez mais mulheres, pessoas negras, LGBTs e pessoas com deficiência", diz Renata Gusmão, diretora de Justiça Econômica e Social da ThoughtWorks Brasil.
De acordo com Renata, muitas empresas já procuram a ThoughtWorks Brasil para saber de “práticas relacionadas à diversidade, recrutamento e desenvolvimento de pessoas".
Dos grupos mencionados por Renata, a ThoughtWorks abre dados sobre o total de mulheres no time, hoje muito acima da média nacional.
Desde 2015, comando da empresa no país é dividido por duas profissionais, Caroline Cintra e Gabriela Guerra.
No quadro de gerência média representado pela istração dos escritórios regionais da empresa em Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Recife, as mulheres são maioria, com três das cinco posições.
No geral, a ThoughtWorks Brasil tinha em outubro do ano ado 513 funcionários, dos quais 40% são mulheres. Na área de desenvolvimento, tradicionalmente um feudo masculino, são 162 desenvolvedoras (36% do total, sendo que em 2013 o número não chegava a 20%).
A ThoughtWorks Brasil (assim como as operações de outros países) aparece com frequência em rankings de melhores empresas para trabalhar.
Em 2015, a companhia foi a 16ª melhor multinacional média para se trabalhar no Brasil e 9ª melhor empresa para mulheres trabalharem no Brasil, duas listagens da Great Place to Work, a lista do tipo mais prestigiada do país.
Parte do apelo da Thoughtworks para jovens profissionais está no compromisso com uma estrutura de RH alinhada com os princípios de métodos ágeis de desenvolvimento de software (um dos principais executivos é Martin Fowler, um dos 17 signatários do Manifesto for Agile Software Development).
Outra parte, para usar os termos da missão da empresa publicados no site, é oriundo do compromisso com “inúmeras causas” e “mudança social positiva”, o que se reflete em uma quantidade de projetos voluntários e na política de contratações que preza a diversidade.
A empresa é uma referência em métodos ágeis de desenvolvimento de software, com 4,5 mil pessoas espalhadas por 42 escritórios em 15 países.
No ano ado, a Thoughtworks foi adquirida por um valor não revelado pelo fundo de investimentos Apax, conhecido no Brasil por ter comprado o controle da Tivit.