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A menos de uma semana para o início da Copa do Mundo da África do Sul, empresas e colaboradores começam a se organizar em relação ao horário de trabalho nos dias dos jogos da seleção brasileira.
Embora não exista obrigação de liberar funcionários para acompanhar as partidas, o fato de que a maioria dos jogos da primeira rodada - com exceção de uma que acontece no domingo – ocorrerá em horário comercial, tem exigido uma flexibilização por parte das companhias.
Levantamento realizado pela Curriculum - especializada em armazenamento e istração de currículos na internet - com 574 empresas mostrou que 63,25% delas irão dispensar seus colaboradores para assistir às partidas do Brasil, enquanto que 36,75% planejam não liberar os funcionários.
Quanto à primeira partida do Brasil, que acontece às 15h30 da terça-feira, 15, entre as organizações que irão liberar os funcionários, 34,6% devem fazê-lo uma hora antes do jogo; 86,4% também o farão depois do fim da partida.
No caso da Dell, por exemplo, os colaboradores estão dispensados para assistir aos jogos da seleção brasileira, mas devem voltar ao trabalho após o término das partidas. Nas áreas onde existe necessidade de plantão será mantida uma escala para garantir a continuidade das operações.
Para que os funcionários não precisem se deslocar durante as partidas, a empresa irá disponibilizar telões em áreas comuns e efetuar ajustes nos horários de almoço e lanches, para que todos assistam aos jogos sem prejuízo.
“Investimos na decoração do ambiente de trabalho e iremos promover o sorteio de camisetas personalizadas para torcer pela seleção”, conta Anete Persch Espindola, gerente de IT na área de serviços da Dell, que mantém um centro de desenvolvimento de software no Tecnopuc e operações comerciais e istrativas em Eldorado do Sul.
Política semelhante será adotada pela Catho, que atua no segmento de currículos e empregos online: os colaboradores do setor istrativo serão liberados e haverá telões para assistir aos jogos.
Rogério Reberte, diretor de Recursos Humanos da empresa, afirma que é pior não liberar os funcionários, e que a consequência da liberação é um colaborador satisfeito, que irá trabalhar melhor.
"Já é difícil ter um funcionário completamente concentrado no dia do jogo. Na hora do jogo, então, é quase impossível. Não dá para brigar contra isso", declara Reberte à Agência Estado.
Para Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum, seria oportuno que as empresas utilizassem a copa como um momento de integração, capitalizando positivamente a ocasião e melhorando o clima organizacional.
Já a advogada trabalhista Fabiola Marques lembra que a empresa não é obrigada a dispensar os funcionários, podendo impor penalidades aos que faltarem ao trabalho, como efetuar desconto do dia no salário.
"Havendo comprovação da falta injustificada o funcionário também pode levar uma advertência. Mas apenas uma falta não acarreta dispensa por justa causa, isso só vai ocorrer se o funcionário faltar diversas vezes, o que caracteriza desinteresse no exercício do trabalho”, explica a advogada.
Dispensa não é unanimidade
Em que pese a grande maioria das empresas optarem pela dispensa dos funcionários, a prática não é apoiada com unanimidade. Pesquisa realizada pela revista Época, ainda em andamento, revela que 20% considera que é por razões como a liberação dos funcionários na Copa do Mundo que “o Brasil não vai para frente”.
É o caso da colaboradora de uma empresa porto-alegrense, especializada em soluções de telecom, que prefere não ser identificada. Segundo ela, há um valor exagerado à Copa do Mundo, em detrimento a outras oportunidades de crescimento.
Para a profissional, deixar de assistir um jogo não vai resolver os problemas do país, mas por outro lado as companhias deveriam valorizar outros eventos de esporte e até mesmo de educação profissional.
“Entre essas empresas que irão liberar o pessoal para ver a Copa, quantas que não relutam em liberar o funcionário para fazer um curso ou estudar para uma prova? Ou ainda, quantas que cogitam uma comemoração quando se finaliza um projeto importante?”, argumenta ela.
Por outro lado, um levantamento realizado pelo escritório inglês DLA Piper, com 352 companhias, mostras que apenas 18% das empresas estão preparadas para a sobrecarga na infraestrutura de TI que pode ser causada durante o mundial.
Entre os entrevistados, menos de 20% dos gestores de TI orientam os funcionários sobre o uso aceitável dos recursos de email e de internet durante os jogos. Pouco mais de 11% dos consultados informaram que a empresa autoriza os empregados a assistir às partidas transmitidas pela internet no trabalho.
“Haverá tantas partidas durante o horário comercial, transmitidas pela internet, que a notícia do pouco preparo das empresas com vistas à sobrecarga dos sistemas e da banda de conexão nos surpreendeu”, surpreende-se Tim Marshall, sócio da DLA.
A recomendação é que as empresas criem regras de uso da internet e do email, as esclareçam e as delimitem aos funcionários.
Quem quiser ver os gols no escritório ainda terá que enfrentar outros problemas, visto que a Google se comprometeu com a Fifa a não liberar vídeos da Copa do Mundo no YouTube.
Todos os vídeos publicados por usuários contendo direitos autorais serão detectados pela ferramenta Video ID que, segundo a Google, é capaz de detectar e apagar automaticamente qualquer material ilegal capturado pela televisão.
A medida tem como objetivo proteger as emissoras de TV que pagam pela transmissão.