
Monica Menghini.
A Dassault Systèmes está fazendo um discurso relativamente raro entre empresas de tecnologia quando o assunto são novas tendências - neste caso, a tal Internet das Coisas: calma e um pouco de perspectiva.
“Internet das Coisas é um desses buzzwords do mundo da tecnologia”, afirma Monica Menghini, VP de Marketing da Dassault Systèmes, fazendo uso da expressão em inglês para os chavões que vira e mexe tomam o mundo de TI de assalto.
De acordo com a executiva, tecnologias como chips de RFID ou mesmo conceitos mais antigos como a telemetria já entregavam funcionalidades de IoT há duas décadas, quando atual VP de Marketing da Dassault, contratada em 2007, cuidava de linhas de produtos da Procter and Gamble.
“A principal mudança é o o, a quantidade de empresas capazes de usar esse tipo de aplicações”, avalia a executiva, para quem o aspecto fundamental é a difusão do conceito de engenharia de sistemas no mundo da manufatura, mais do que a conectividade ou os sensores.
Monica, uma das principais cabeças por trás do planejamento estratégico para a próxima década da Dassault Systèmes iniciado em 2011, participou pela primeira vez do SolidWorks World, evento da empresa focada na linha de soluções de entrada da multinacional, encerrado na semana ada em Phoenix.
Adquirida pela Dassault Systèmes ainda em 1997, a SolidWorks é a porta de entrada nos ses no mundo da engenharia, atendendo majoritariamente pequenas organizações, proprietárias de entre 1 e 10 licenças em cerca de 80% dos casos (também é verdade que os 20% do topo da pirâmide de clientes são donos de metade dos assentos).
Muitas dessas empresas estão começando a lançar produtos conectados, aponta Louis Feinstein, gerente de produto da SolidWorks responsável pelo Electrical, software lançado há pouco mais de um ano pela empresa para projeto da parte elétrica de produtos e máquinas.
Feinstein cita dois produtos desenhados com o SolidWorks que se transformaram em cases mundiais do fenômeno IoT: os termoestatos inteligentes da Nest, comprada pelo Google em janeiro do ano ado pelo Google pela bagatela de US$ 3,4 bilhões e os contadores de os Fitbit, uma febre entre os interessados por fitness nos Estados Unidos.
A PTC, uma das principais concorrentes da Dassault Systèmes e da SolidWorks, em diferentes linhas, está fazendo um barulho danado sobre IoT.
No final de 2013 desembolsou US$ 112 milhões para comprar a ThingWorx, uma startup criadora de uma plataforma de desenvolvimento para aplicações para Internet das Coisas.
Além disso, a empresa participa do Industrial Internet Consortium (IIC), um dos grupos focados em promover um standart para IoT do qual participam também IBM, Cisco, GE e AT&T, entre outros. Jim Happleman, CEO da PTC, chegou a publicar um paper na Harvard Business Rewiew com o professor e guru empresarial Michael Porter.
A estratégia da Dassault Systèmes, no entanto, parece ser evitar o termo IoT, atualmente parte de um cenário indefinido, disputado por provedores de conectividade como as grandes operadoras de telecom, gigantes de TI como Cisco e IBM, com os players de design e gestão de ciclo de vida de produto correndo por fora.
No lugar disso, a multinacional sa põe as fichas no chamado 3D Experience, uma plataforma através da qual os clientes podem ar o portfólio de software da Dassault em áreas na área de design e simulção e, cada vez mais, funcionalidades sociais e analíticas oferecidas em nuvem destinadas a facilitar o fluxo de trabalho, envolvendo outras áreas, além da engenharia, como marketing, por exemplo.
“Produtos já não são o suficiente. Precisamos oferecer as ferramentas para desenhar toda a experiência do usuário”, aponta Monica.
* Maurício Renner cobriu o SolidWorks World 2015 em Phoenix a convite da DS SolidWorks.