
Dataprev: funcionários se opõem a planos do governo.
Os funcionários da Dataprev em São Paulo decidiram entrar em greve nesta segunda-feira, 27, levando a paralisação na estatal de tecnologia da Previdência Social a todos os estados do país.
O motivo da greve são os planos da gestão de fechar 20 unidades regionais, levando à demissão de 493 funcionários, 15% do total.
A greve também é contra os planos de privatização da estatal, já incluída no Programa de Parcerias de Investimento do governo federal.
No começo do mês, a Dataprev anunciou planos de fechar as operações no Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.
De acordo com a estatal, as filiais afetadas geram receitas de menos de R$ 2,5 milhões ao ano, para gastos anuais de R$ 93 milhões.
Ficarão ativas apenas sete unidades da Dataprev, localizadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, onde a estatal tem data centers e no Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, onde estão instalados centros de desenvolvimento.
Além do centro de dados, o Rio de Janeiro também tem um centro de desenvolvimento.
As demissões serão feitas por meio de um programa que oferecerá pacotes de até R$ 300 mil, considerando verbas rescisórias e incentivos de desligamento.
Com o programa, a expectativa é de uma redução anual de R$ 93 milhões na folha de pagamento e gastos operacionais da Dataprev com payback em 7,6 meses.
Com as medidas, a Dataprev visa enxugar os gastos, que aumentaram 21% nos últimos três anos, enquanto a inflação foi de 10% e a receita cresceu apenas 10% no mesmo período.
Criada em 1974 para prestar serviços de processamento de dados para a Previdência Social, a Dataprev está na primeira fila de empresas a serem privatizadas pelo governo federal, junto com o Serpro, uma empresa de perfil parecido ligada ao Ministério da Economia.
As movimentações nesse sentido vem acontecendo desde os primeiros dias do governo Bolsonaro e acelerado nos últimos meses.
No caso da Dataprev, o anúncio dos fechamentos parece ter dado o sinal para o movimento sindical (os funcionários são representados por diferentes sindicatos em cada estado), de que era hora de agir.
Assembleias declarando greve vem acontecendo nas últimos 10 dias. O funcionalismo público de tecnologia é tradicionalmente um dos pontos de apoio dos sindicatos, que não tem tanta penetração na iniciativa privada.
O enxugamento na estrutura da Dataprev parece uma medida para tornar a empresa mais atrativa para um eventual comprador. A venda tem avançado em outros campos também.
Em dezembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou uma avaliação afirmando que Serpro e Dataprev poderiam manter seus contratos com o governo assinados sem exigência de licitação até o término dos mesmos, mesmo se forem privatizadas.