
A Dataprev, estatal de processamento de dados da Previdência Social, conclui este mês a primeira etapa de um processo de reestruturação da área de tecnologia no qual já investiu R$ 180 milhões desde 2008.
A previsão é encerrar mais duas etapas neste ano, com um aporte próximo de R$ 100 milhões.
O objetivo é melhorar a eficiência do processamento de dados referente a 76 milhões de pessoas físicas - entre contribuintes, pensionistas e aposentados, informa o Valor Econômico.
A primeira etapa consistiu na migração de dados da plataforma alta (mainframes) para a plataforma baixa (microcomputadores).
Antes, a Dataprev mantinha três mainframes da Unisys em regime de locação instalados em unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo. As máquinas hospedavam os sistemas de benefícios da Secretaria da Receita Federal e as bases do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).
Juntos, esses sistemas totalizavam 14 bilhões de registros.
O CNIS é usado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e tem como bases de dados os cadastros de pessoa física, pessoa jurídica, segurados especiais, contribuintes individuais e vínculos e remunerações.
R$ 90 milhões a menos por ano
Um dos principais motivos para a migração tecnológica é a maior autonomia em relação aos fabricantes de equipamentos.
“O número de fornecedores de PCs é muito maior que o de mainframes, o que garante maior poder de negociação em relação aos preços”, afirmou ao Valor o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção.
A estimativa da instituição é economizar R$ 90 milhões por ano.
Com a reestruturação, os três mainframes alugados foram substituídos por dois servidores de alto desempenho da IBM e 80 servidores de pequeno porte, frutos de um investimento de R$ 72 milhões.
Como parte do processo, a estatal também está convertendo 70 sistemas de processamento de dados, hoje na linguagem Cobol, para Java, de código aberto.
A mudança representa a substituição de softwares cuja licença é cobrada por programas desenvolvidos pela estatal, que conta com uma equipe de 1,5 mil profissionais de TI.
A migração dos sistemas e dos bancos de dados para a plataforma baixa ficaram a cargo de um grupo de 400 profissionais da Dataprev e das empresas 4Bears, SW Consultoria e Bricon, que venceram a licitação do projeto.
De acordo com Assumpção, 80% dos sistemas já foram desenvolvidos e o restante será concluído até o fim do ano.
O primeiro grupo de sistemas que começa a operar neste mês sob os novos moldes refere-se ao CNIS.
No segundo semestre, a Dataprev também fará a migração de dados do sistema de arrecadação, que são vinculados à Receita Federal, e do sistema de benefícios.
O projeto de reestruturação prevê também o desenvolvimento do Sistema Integrado de Benefícios (Sibe), que vai unificar o Sistema de istração de Benefícios por Incapacidade (Sabi) e o Sistema Único de Benefícios (SUB), entre outros.
Hoje, esses bancos de dados são ados separadamente por 2 mil servidores do Ministério da Previdência Social e do INSS.
Após a reestruturação, os sistemas vão operar de forma integrada e poderão ser ados remotamente via internet, pelo portal do CNIS.
Ainda de acordo com o presidente da Dataprev, o projeto consumiu R$ 180 milhões em recursos provenientes do INSS, da Secretaria da Receita Federal, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Ministério do Trabalho e Emprego.
Assumpção garante, ainda, que o orçamento de R$ 100 milhões para investir este ano nas próximas fases do projeto já foi aprovado.
No entanto, o aporte dependerá do fluxo de pagamentos que a estatal receberá dos órgãos de governo.
A matéria do Valor Econômico pode ser conferida na íntegra pelo link relacionado abaixo.