
Rosandra Silveira.
A Dell fechou o último trimestre de 2016 com 26,4% do total de PCs vendidos no Brasil, a primeira vez nesta década que um fabricante consegue uma participação de mercado maior do que 25%.
O desempenho da Dell, medido pela IDC, também significa um incremento de três pontos percentuais sobre o resultado do terceiro trimestre do ano ado, quando a fabricante fechou com 24,5%.
É o segundo ano consecutivo que a Dell mantém a liderança do setor de PCs, também quando considerados isoladamente os mercados de consumidores finais (usuários domésticos), pequenas, médias e grandes empresas.
Ainda segundo o relatório da IDC, a Dell obteve o maior número de unidades vendidas de desktops (27,5%), notebooks (25,8%) e workstations (71,4%).
“Nossa sequência positiva no mercado de PCs é o resultado do alinhamento entre um portfólio e uma estratégia de distribuição multicanal expandida e a maior e mais qualificada estrutura de e para computadores do Brasil”, explica Rosandra Silveira, vice-presidente para Consumidor Final e Pequenas Empresas da Dell Brasil.
A Dell não divulgou os dados de participação dos seus concorrentes, mas é possível supor que a empresa está ampliando a dianteira frente ao seu principal concorrente brasileiro, a Positivo.
No terceiro trimestre de 2014, quando a Positivo fez a última divulgação de dados da IDC, a companhia havia atingido um market share de 16,6%, um incremento de 1,5 ponto percentual frente ao trimestre anterior que a colocava na liderança do mercado.
Só que muita água ou por debaixo da ponte desde então. A Positivo teve uma queda de 20% na sua receita líquida em 2015, ficando em R$ 1,84 bilhão.
A empresa também viu o seu EBITDA cair 37%, para R$ 90,1 milhões e entrou no vermelho, saindo de um lucro líquido de R$ 23,3 milhões para um prejuízo de R$ 79,9 milhões.
Foi o segundo ano de resultados ruins da Positivo, que já havia tido queda de receita de 9,2% em 2014 frente a 2013.
A liderança da Dell é resultado da convergência de fatores de longo e curto prazo. A construção da presença no varejo começou ainda em 2007, quando a empresa fechou um acordo com a rede Wal-Mart, encerrando sua estratégia de vender exclusivamente produtos customizados online.
Ganhar share é a única maneira de faturar mais no mercado de PCs, que está em processo de derretimento no Brasil ao longo do último ano e meio.
Para 2016, a IDC estimava que seriam comercializados 4,6 milhões de computadores, ou seja, 31% a menos do que em 2015.
O crescimento no Brasil é uma boa notícia para Dell, em meio a uma onda quase apocalíptica sobre o futuro do mercado de PCs.
Recentemente, o Gartner chegou a divulgar um estudo no qual dizia que as empresas devem decidir entre reformular seus negócios ou deixar o mercado de PCs até 2020.
“O modelo de negócios de PCs que tradicionalmente conhecemos está enfraquecido. Os cinco maiores fornecedores de computadores portáteis conquistaram 11% do mercado nos últimos cinco anos, mas isso ocorreu às custas de uma receita rentável", explica Tracy Tsai, vice-presidente de Pesquisas do Gartner.
De acordo com a executiva, a forma tradicional de conquistar market share por meio de preços competitivos para estimular a demanda não funcionará para o mercado de computadores nos próximos cinco anos.