
Saúde ganha aliança de gigantes da TI. Foto: Getty Images.
Uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Informação em Saúde (SBIS) indica que o Brasil tem sete mil hospitais, dos quais só 19% estão informatizados. Para aproveitar o filão e suprir a carência, Intel, Microsoft, Totvs e Sociedade Albert Einstein acabam de firmar uma parceria voltada à área hospitalar.
A ideia é criar soluções, que devem chegar ao mercado ainda este ano, para processos de governança, padronização de procedimentos e atendimento a pacientes.
Na aliança, o Einstein, que faturou R$ 1,3 bilhão em 2011 (último exercício divulgado), entra com a expertise de quem já recebeu do Ministério da Saúde o título de Hospital de Excelência, e com a contribuição do Instituto Israelita de Consultoria em Gestão para práticas e processos de istração hospitalar.
Já a Totvs vem com soluções de gestão que hoje já são usadas para istrar mais de 12 milhões de vidas e 9,7 mil leitos na área de saúde, na qual atende a clientes como Hospital Albert Sabin, Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa, Hospital Nossa Senhora das Graças e Unimed Goiânia, entre diversos outros.
O portfólio da empresa para o setor englobam soluções para istração da vida (desde a prestação de serviços assistenciais até a relação financeira com os prestadores e operadoras) até ferramentas para médicos, laboratórios, centros de diagnóstico e sistema pagador (operadoras de planos e governo).
Já a Microsoft amplia o leque da parceria com plataforma de software, mobilidade e big data.
A estrela da norte-americana na aliança será o SQL Server, plataforma de gerenciamento e análise de dados que promete garantir armazenamento e o a dados, a partir de dispositivos diversos, para todas as instâncias de gestão de um hospital.
No Brasil, a Microsoft já oferece soluções de gestão em saúde para clientes como Central de Transplantes de São Paulo e Amil.
Na base de tudo, ficará a Intel, com soluções de hardware, segurança da informação e mobilidade para ar e rodar todos os sistemas e dados inclusos na oferta das aliadas.
A MIL PELO BRASIL
O acordo é mais uma investida da multinacional de chips no segmento de saúde brasileiro.
Em 2011, a companhia anunciou, por meio de seu braço de investimentos Intel Capital, sua entrada no mercado de TI para saúde na América Latina, com aporte na Pixeon, empresa de Florianópolis focada em PACS (sigla em inglês para Sistema de Gestão de Imagens Médicas).
Já no fim de 2012, a Intel voltou à carga em Santa Catarina, atuando diretamente na fusão entre a Pixeon e a Medical Systems, gerando a PMS, que foi avaliada pelo site americano CRN como uma das 12 companhias mais promissoras em que a Intel Capital já investiu desde o começo de suas atividades, em 1991.
Na nova investida da fabricante de semicondutores na saúde brasileira, uma das ferramentas para oferta em conjunto com Totvs, Microsoft e Einstein já foi revelada: trata-se de um tablets desenvolvido especialmente para o setor.
Conforme a fabricante, os aparelhos são esterilizáveis para serem usados até mesmo dentro de blocos cirúrgicos, acoplando sensor para leitura biométrica e leitor de código de barras para identificação de medicamentos, por exemplo.
PRIORIDADES
Um item que, se levada em conta a opinião de gestores de TI de hospitais da região Sul, pode ser considerado essencial ao setor.
O superintendente do Hospital Moinhos de Vento (HMV), Fernando Torelly, por exemplo, já declarou que entre os erros médicos, os enganos relativos à medicação são os mais frequentes, e para combatê-los a mobilidade é uma grande aliada.
No HMV, médicos e enfermagem usam palms para trabalhar à beira dos leitos, controlando laudos, listas, prescrições e outros itens integrados ao ERP MV e ao BI Interact usados pelo hospital, que previa fechar 2012 com investimentos de R$ 70 milhões, no que se inclui a TI.
Outro case na região é o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HA), onde médicos e enfermeiros acompanham dados de prontuário eletrônico, como sinais vitais, prescrições e histórico por meio do PEP Móvel, solução fruto de uma parceria entre a TI do hospital e a porto-alegrense DBServer que funciona em smartphones e tablets com iOS e Android.
Conforme a CIO do hospital, Maria Luiza Falsarella Malvezzi, a meta do hospital é permitir, em breve, que os dispositivos móveis também façam a leitura por código de barras da pulseira dos pacientes, o que reduzirá erros de medicação por dispensar anotações manuais de doses ministradas e a ministrar, entre outros dados.
SINERGIA REQUERIDA
Bons exemplos da aplicação da TI à saúde, as instituições gaúchas também ajudam a mostrar onde o sapato aperta neste setor.
Torelly, por exemplo, ressalta que o mais difícil na TI de um hospital é integrar hardware, software, rede e outros recursos.
“É um fornecedor disso, outro daquilo, cada um com um pedaço. A integração é muito trabalhosa”, reclamou o gestor, em no fim de 2012.
Uma carência que Intel, Microsoft, Totvs e Einstein, trabalhando juntos, podem ajudar a suprir.
MERCADÃO
O investimento das quatro companhias na saúde brasileira se justifica. Além do mercado em aberto mostrado pela pesquisa da SBIS, um estudo da IT Mídia divulgado na metade de 2012 mostrou que, das instituições do setor pesquisadas no país, 68,79% afirmavam intenção de comprar soluções estratégicas de TI.
Outro indício do avanço dos investimentos em TI no segmento é a parte regulatória.
Este ano, por exemplo, entra em vigor a Resolução Normativa 305 da ANS, que estabelece padrão obrigatório para Troca de Informações na Saúde Suplementar (Padrão TISS).
A norma exige interoperabilidade entre os sistemas de informações, uma vez que operadora, prestador de serviço, contratante de plano de saúde, beneficiário e ANS deverão trocar dados entre si.
Dinheiro para investir, o setor tem.
Conforme a Ernst & Young Terco, a área de empresas farmacêuticas e de saúde faturou em torno de R$ 36,74 bilhões em 2012, alta 9,19% sobre 2011.
Um dado tão promissor que a própria consultoria implantou no Brasil sua área de Life Sciences, voltada especificamente para serviços à saúde.