
Pesquisado típico é homem, jovem e tem um cachorro. Foto: Depositphotos.
Os profissionais de TI brasileiro estão sendo ativamente procurados por empresas estrangeiras interessadas em contratar mão de obra para trabalhar de maneira remota a partir do Brasil.
Esse é um dos dados mais chamativos de uma pesquisa realizada pela Husky, uma fintech que viabiliza os pagamentos internacionais para esse público, com um total de 1.629 respondentes.
Do total, um grupo significativo (37%) foi contratado depois de ser abordado por um recrutador. Outros 25% conseguiram a vaga por indicação.
Dos respondentes, cerca de um terço procurou a vaga ativamente, com 17% aplicando pelo Linkedin e 15% pelo site das empresas.
Na totalidade, o quadro geral da pesquisa é preocupante para os empregadores brasileiros da área de tecnologia.
O número de profissionais de TI é avassalador: mais da metade dos respondentes (52%) disse ter formação na área, seja em Ciências da Computação (21%), Sistemas da Informação (11%), Análise de Sistemas (13%) ou Engenharia da Computação (7.5%).
Do total, 46% tem o superior completo e 27% tem também uma pós-graduação.
A maioria (84%) está contratada por alguma empresa no exterior, o que sinaliza uma relação mais estável com os contratantes do que o trabalho freelance. Por outro lado, só 3% são contratados CLT pelo empregador.
Em 75% dos casos, o argumento definitivo para aceitar a proposta de fora foi o salário, que, para 90% dos pesquisados, é melhor do que o oferecido por empresas do Brasil.
Dos pesquisados, 78% disse ganhar mais de R$ 15 mil por mês, com a média salarial ficando em R$29 mil. Apesar dos salários polpudos, ganhar mais é a expectativa número 1 para 2023, apontada por 35% dos pesquisados.
Os contratados também têm a impressão que os empregadores estrangeiros são melhores que os locais, com 62% dizendo que o respeito à vida pessoal é melhor do que nas empresas brasileiras e 48% acreditam que a valorização do colaborador é melhor. Hoje, 92% se dizem satisfeitos.
Metade dos respondentes vivem em uma das grandes capitais, onde a disputa por profissionais é ainda mais acirrada.
Dos que trabalham em capitais, a metade fica em São Paulo, o coração da indústria de TI do país. Florianópolis, outro centro importante, fica em segundo lugar, com 10%.
Dos respondentes, 63% têm uma faixa de idade entre 25 e 35 anos, o que aponta que os empregadores internacionais estão empregando profissionais relativamente no começo da carreira (45% deles se definem como sênior, no entanto).
A grande maioria dos respondentes (81,5%), são homens, dos quais 33% moram com uma ou um parceiro (seguido de perto por 31% que ainda moram com os pais), 70% não tem filhos e 60% tem um animal de estimação.
Pelas contas da Husky, o trabalho para empresas fora do país decolou nos anos da pandemia, quando muitos empregadores se tornaram bem mais abertos em relação ao paradeiro físico dos seus funcionários.
O número de profissionais trabalhando para empresas fora do país teria quase sextuplicado no período, afirma a Husky, sem citar números absolutos.
A única notícia positiva para os empregadores brasileiros é que os pesquisados pela Husky não parecem ter planos de deixar o país definitivamente, saindo de vez do mercado de trabalho nacional.
Perguntados sobre porque não deixam o país, 41% falaram sobre o desejo de permanecer próximo de família e amigos, e outros 33% falaram da vantagem de ganhar em dólar e gastar em real (só 8,6% disseram gostar do Brasil).
“Vimos também que essas pessoas não querem morar fora do país, até porque ganham bem, trabalham remotamente, conseguem aproveitar seu ciclo social em meio à família e amigos, com a vantagem de ainda receberem em moedas bem mais valorizadas do que o real”, comenta Tiago Santos, CEO da Husky.