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Faleceu no sábado, 11, em decorrência de problemas pós-operatórios, o diretor presidente da Parks Eletrônica, Paulo Renato Ketzer de Souza.
O executivo, sepultado no cemitério São Miguel e Almas, de Porto Alegre, na tarde do domingo, 12, foi um dos ícones da indústria gaúcha de informática e telecomunicações.
Com o falecimento, o diretor Financeiro e Operacional da Parks, Leo José Borges Hainzenreder, acumulará também o cargo de presidente da companhia. As diretorias Comercial e de P&D permanecem inalteradas.
“Fundada em 1966, a Parks foi uma empresa inovadora desde o início. Com Paulo Ketzer à frente, a companhia conseguiu, em meados da década de 70, multiplexar um sinal de alarme para linha telefônica, utilizando os dois sistemas simultaneamente, sem deixar a linha ocupada”, conta o professor da UFRGS Newton Braga Rosa.
Isso, que acabou sendo utilizado como o primeiro sistema de alarme dos bancos brasileiros conectado diretamente às centrais policiais, foi um dos primórdios do ADSL. O professor relata, ainda, o pioneirismo da Parks no mercado nacional de produção de computadores.
“No final dos anos 70, havia um grupo de trabalho formado por lideranças empresariais, no Rio de Janeiro, que atuava em prol da indústria brasileira de computação e, mais tarde, resultou na criação da Reserva de Mercado”, destaca ele. “Na época, pleiteávamos o fomento da fabricação brasileira de computadores, e a Parks, que então já era uma empresa de faturamento anual em torno de US$ 1 milhão, se apresentou como nome forte”, acrescenta Braga Rosa.
Assim, a Parks aderiu ao trabalho do grupo e deu origem à Edisa, empresa gaúcha que fabricava computadores com tecnologia da japonesa Fujitsu. Na época, também outras três companhias entraram neste segmento, uma do Rio de Janeiro, uma de São Paulo e outra do Paraná.
E assim nascia a indústria brasileira de computadores. Mas não foi o último ato pioneiro da Parks. Em meados da década de 80, Paulo Ketzer - que foi professor das escolas de Engenharia da UFRGS, entre 1958 e 1974, e da UFSC, entre 1966 e 1970 - encomendou à UFRGS a fabricação de um modem.
O responsável pelo projeto foi o professor Jürgen Rochel, que criou para a Parks um modelo de 1200 bps, utilizado em seguida com marca própria da empresa gaúcha no mercado de telecomunicações.
Este novo o da Parks movimentou o mercado. Meses após a entrada da companhia no segmento de Telecom, nascia a Digitel, empresa fundada pelo próprio Jürgen, além dos empresários Jaime Wagner e Gilberto Machado.
“Ketzer foi fundamental para a indústria gaúcha de informática e Telecom. Ele foi o primeiro empresário a se aproximar da universidade para o lançamento de produtos. O modem da Parks foi um modelo para o mercado, que deu origem não só a Digitel, mas a outras empresas importantes, como a Datacom”, destaca Wagner.
Com isso, na virada dos 70 para os 80, o Rio Grande do Sul detinha em torno de 80% do mercado brasileiro de modens, conforme Braga Rosa.
Por volta de 1985, é aprovada a Lei de Informática brasileira, que previa a destinação de recursos de faturamento ao setor. “Em 1986, bati à porta da Parks para fazer um plano de negócios. Era o primeiro plano de minha empresa de capitalização, e resultou na obtenção de benefícios da lei para a empresa”, conta o professor e vereador.
Com isso, a Parks se dividiu em duas empresas: Parks Sistemas Eletrônicos, de serviços, manutenção e monitoração de alarmes bancários; e Parks Informática, voltada à captação de leis de incentivo. Nesta época, a unidade chegou a ter 300 acionistas.
Por volta de 2000, quando iniciou o serviço de banda larga de grande escala comercial no Brasil, a Parks buscou parceiros para fornecimento de modens ADSL. A companhia, que ou a operar para o serviço Speedy, da Telefônica, viu a demanda crescer a ponto de ter de construir uma nova fábrica. Em 2001, então, nascia a unidade fabril do Distrito Industrial de Cachoeirinha.
Mais tarde, com a chegada de modems ADSL provenientes do mercado asiático - muito mais baratos -, a companhia gaúcha deixou de fabricá-los. Depois, de 2002 a 2005, amargou uma crise financeira, da qual se recuperou renegociando dívidas e pagando tudo com recursos próprios.
Refeita, a Parks estabeleceu, em 2007, novas alianças comerciais, investindo em nichos como o Wimax. Além disso, lançou produtos como o NetAir 209R, que possibilita conexão rápida à internet sem fio através da operadora de telefonia celular, além de iniciar a fabricação do modem digital 8 fios disponível nas versões Powerlink 844 4G, Powerlink 844 E e Powerlink 844 GE.
Em 2008, a Parks firma uma aliança com a Portugal Telecom Inovação que contempla a fabricação de produtos da companhia portuguesa na fábrica de Cachoeirinha, o que incrementou o portfolio de soluções dos gaúchos para operadoras e exigiu um investimento de US$ 2,5 milhões na ampliação da unidade fabril.
Hoje, a Parks emprega 135 pessoas, contando com uma fábrica de 12 mil m2 de área, unidade de manufatura com certificação ISO 9000:2000 em todos os processos, além de um escritório de negócios em São Paulo. Até o fim deste ano, a empresa prevê faturar em torno de R$ 52 milhões.
Retrospectiva
A Abinee-RS produziu um material com a lista dos mais importantes fatos da carreira de Paulo Renato Ketzer de Souza. O documento pode ser lido no anexo abaixo.
O executivo, sepultado no cemitério São Miguel e Almas, de Porto Alegre, na tarde do domingo, 12, foi um dos ícones da indústria gaúcha de informática e telecomunicações.
Com o falecimento, o diretor Financeiro e Operacional da Parks, Leo José Borges Hainzenreder, acumulará também o cargo de presidente da companhia. As diretorias Comercial e de P&D permanecem inalteradas.
“Fundada em 1966, a Parks foi uma empresa inovadora desde o início. Com Paulo Ketzer à frente, a companhia conseguiu, em meados da década de 70, multiplexar um sinal de alarme para linha telefônica, utilizando os dois sistemas simultaneamente, sem deixar a linha ocupada”, conta o professor da UFRGS Newton Braga Rosa.
Isso, que acabou sendo utilizado como o primeiro sistema de alarme dos bancos brasileiros conectado diretamente às centrais policiais, foi um dos primórdios do ADSL. O professor relata, ainda, o pioneirismo da Parks no mercado nacional de produção de computadores.
“No final dos anos 70, havia um grupo de trabalho formado por lideranças empresariais, no Rio de Janeiro, que atuava em prol da indústria brasileira de computação e, mais tarde, resultou na criação da Reserva de Mercado”, destaca ele. “Na época, pleiteávamos o fomento da fabricação brasileira de computadores, e a Parks, que então já era uma empresa de faturamento anual em torno de US$ 1 milhão, se apresentou como nome forte”, acrescenta Braga Rosa.
Assim, a Parks aderiu ao trabalho do grupo e deu origem à Edisa, empresa gaúcha que fabricava computadores com tecnologia da japonesa Fujitsu. Na época, também outras três companhias entraram neste segmento, uma do Rio de Janeiro, uma de São Paulo e outra do Paraná.
E assim nascia a indústria brasileira de computadores. Mas não foi o último ato pioneiro da Parks. Em meados da década de 80, Paulo Ketzer - que foi professor das escolas de Engenharia da UFRGS, entre 1958 e 1974, e da UFSC, entre 1966 e 1970 - encomendou à UFRGS a fabricação de um modem.
O responsável pelo projeto foi o professor Jürgen Rochel, que criou para a Parks um modelo de 1200 bps, utilizado em seguida com marca própria da empresa gaúcha no mercado de telecomunicações.
Este novo o da Parks movimentou o mercado. Meses após a entrada da companhia no segmento de Telecom, nascia a Digitel, empresa fundada pelo próprio Jürgen, além dos empresários Jaime Wagner e Gilberto Machado.
“Ketzer foi fundamental para a indústria gaúcha de informática e Telecom. Ele foi o primeiro empresário a se aproximar da universidade para o lançamento de produtos. O modem da Parks foi um modelo para o mercado, que deu origem não só a Digitel, mas a outras empresas importantes, como a Datacom”, destaca Wagner.
Com isso, na virada dos 70 para os 80, o Rio Grande do Sul detinha em torno de 80% do mercado brasileiro de modens, conforme Braga Rosa.
Por volta de 1985, é aprovada a Lei de Informática brasileira, que previa a destinação de recursos de faturamento ao setor. “Em 1986, bati à porta da Parks para fazer um plano de negócios. Era o primeiro plano de minha empresa de capitalização, e resultou na obtenção de benefícios da lei para a empresa”, conta o professor e vereador.
Com isso, a Parks se dividiu em duas empresas: Parks Sistemas Eletrônicos, de serviços, manutenção e monitoração de alarmes bancários; e Parks Informática, voltada à captação de leis de incentivo. Nesta época, a unidade chegou a ter 300 acionistas.
Por volta de 2000, quando iniciou o serviço de banda larga de grande escala comercial no Brasil, a Parks buscou parceiros para fornecimento de modens ADSL. A companhia, que ou a operar para o serviço Speedy, da Telefônica, viu a demanda crescer a ponto de ter de construir uma nova fábrica. Em 2001, então, nascia a unidade fabril do Distrito Industrial de Cachoeirinha.
Mais tarde, com a chegada de modems ADSL provenientes do mercado asiático - muito mais baratos -, a companhia gaúcha deixou de fabricá-los. Depois, de 2002 a 2005, amargou uma crise financeira, da qual se recuperou renegociando dívidas e pagando tudo com recursos próprios.
Refeita, a Parks estabeleceu, em 2007, novas alianças comerciais, investindo em nichos como o Wimax. Além disso, lançou produtos como o NetAir 209R, que possibilita conexão rápida à internet sem fio através da operadora de telefonia celular, além de iniciar a fabricação do modem digital 8 fios disponível nas versões Powerlink 844 4G, Powerlink 844 E e Powerlink 844 GE.
Em 2008, a Parks firma uma aliança com a Portugal Telecom Inovação que contempla a fabricação de produtos da companhia portuguesa na fábrica de Cachoeirinha, o que incrementou o portfolio de soluções dos gaúchos para operadoras e exigiu um investimento de US$ 2,5 milhões na ampliação da unidade fabril.
Hoje, a Parks emprega 135 pessoas, contando com uma fábrica de 12 mil m2 de área, unidade de manufatura com certificação ISO 9000:2000 em todos os processos, além de um escritório de negócios em São Paulo. Até o fim deste ano, a empresa prevê faturar em torno de R$ 52 milhões.
Retrospectiva
A Abinee-RS produziu um material com a lista dos mais importantes fatos da carreira de Paulo Renato Ketzer de Souza. O documento pode ser lido no anexo abaixo.