
Avenida Paulista deserta nesta quinta-feira, 26. Foto: Roberto Parizotti.
A Federação Nacional das Empresas de Informática (Fenainfo), que agrega sindicatos da patronais de TI em nível nacional, divulgou uma nota pedindo “retomada da economia gradual” e fim do “imposição de lockdown indefinido pelos governantes” para evitar “GRAVE depressão econômica que gerará uma crise social muito mais profunda”.
De acordo com a entidade, restrições como regime de trabalho home office, regime de trabalho home office e limitação de pessoas por local, poderão “dificultar a prestação do serviço e, por consequência, o pagamento da remuneração dos colaboradores”.
A nota é uma mundança de posição para a Fenainfo. Na quinta-feira, 19, a entidade sugeriu por meio de nota que os seus associados adotassem home office para evitar a transmissão do Covid-19, medida que foi adotada com maior ou menor grau de intensidade por muitas empresas nos dias seguintes.
O clima no país mudou muito entre uma nota e outra. Na terça-feira, 24, o presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento criticando o fechamento de escolas e do comércio e atacando as medidas de quarentena implementadas por governadores e prefeitos por todo o país.
Algumas entidades empresariais começaram a protestar. Nesta quinta, 26, Farsul, a Fiergs e a Fecomércio, representantes da agricultura, indústria e comércio no Rio Grande do Sul, pediram retomada gradual na semana que vem e 100% a partir de 6 de abril.
Os governadores dos estados e os prefeitos, responsáveis por sistemas de saúde ameaçados de colapso pelo coronavírus, não mostraram até agora disposição em recuar, iniciando um conflito aberto com Bolsonaro.
Na nota, a Fenainfo diz que é sua obrigação apresentar “propostas concretas para o enfrentamento responsável” da pandemia do coronavírus e reconhece o problema político em curso, mas tem expectativas que parecem pouco realistas no momento.
“Conclamamos as autoridades para que haja um imediato alinhamento entre os governos municipais, estaduais e federal, evitando-se radicalismos e disputa por protagonismos nos mais diversos níveis”, afirma a nota.
Além de esperar que os políticos com interesses diametralmente opostos se entendam, a Fenainfo acredita também que é possível a criação de um “plano estratégico para a retomada das atividades econômicas o mais breve possível” que observe e aplique rigorosamente as determinações da Organização Mundial de Saúde, entidade que tem defendido o isolamento social como medida para lidar com a crise.
“Certamente, precisamos defender a vida humana - ela é o bem maior - mas, muitas medidas de isolamento social adotadas pelas autoridades, necessárias, porém drásticas, impactam tanto à população, como a economia e o funcionamento das empresas”, resume a Fenainfo.