O Brasil é a sétima maior economia do mundo e os gastos com TI no país deverão chegar a US$ 143,8 bilhões em 2012, alta de 10,1% sobre os US$ 130,6 bilhões de 2010.
Além disso, até 2014 esse setor apresentará crescimento a uma taxa anual de 9,9% no Brasil.
As estimativas são do Gartner, que acaba de divulgá-las no Gartner Symposium ITxpo 2011, conferência que a consultoria realiza até a quinta-feira, 27, em São Paulo.
De acordo com Peter Sondergaard, vice-presidente do Gartner e lobal head de Pesquisas, a indústria brasileira de TI se beneficia do fato de o país ter sido menos afetado pela crise financeira mundial.
“Isso se deu em virtude da disciplina fiscal, do consumo interno e do mercado diversificado de exportação”, avalia Sondergaard. “As organizações brasileiras abraçaram a recessão como uma oportunidade e buscaram a TI como fator decisivo, o que ajudou o país a se recuperar rapidamente e no crescimento do setor”, completa.
TI na vitrine
Segundo o consultor, os dias em que a tecnologia da informação era vista como secundária, acabaram.
Para ele, a política e economia globais estão sendo moldadas pelo segmento de TI, que é “impulsionador básico do crescimento dos negócios”.
Só este ano, divulgou Sondergaard, o Gartner avaliou que 350 companhias vão investir mais de US$ 1 bilhão em tecnologia no país, e tudo motivado pelo fato comprovado de que esta área tem impacto direto no desempenho dos negócios.
Queridinha dos CEOs
Ainda segundo o VP do Gartner, dois terços dos CEOs brasileiros acreditam que a TI fará uma contribuição maior às suas organizações nos próximos dez anos do que nas décadas anteriores.
Porém, o setor terá de se reinventar.
“Para que os líderes da TI prosperem nesse ambiente, eles devem conduzir das linhas de frente e abraçar os negócios pós-modernos, com empresas dirigidas pelo relacionamento com clientes, alimentadas pela explosão da informação, colaboração e mobilidade”, sentenciou o consultor.
Nova era
No novo modelo de apresentação, venda e compra da TI, Sondergaard ressalta algumas tecnologias como “forças urgentes e irresistíveis”.
O pacote inclui cloud computing, social, mobile e todo tipo de solução que possa lidar com a “explosão de informações” pela qual o executivo define que a a sociedade.
Nas nuvens
A cloud computing vai combinar cada vez mais a industrialização das capacidades de TI e o impacto disruptivo dos novos modelos de negócio impulsionados pelo setor, acredita o Gartner.
Porém, a mudança dos modelos tradicionais de aquisição de TI para o modelo orientado a serviços em nuvens públicas ainda está em seus estágios iniciais.
A consultoria estima que, apesar dos gastos de US$ 74 bilhões em cloud em 2010, isto representa apenas 3% dos gastos das empresas.
Entretanto, a previsão é que estes serviços cresçam cinco vezes mais rapidamente do que os gastos gerais das empresas com TI (19% anualmente até 2015).
“O que as cadeias de suprimentos fizeram para a manufatura é o que a computação em nuvem está fazendo para os datas centers in-house”, afirma Sondergaard.
Social
O próximo estágio da computação social, segundo o executivo, será o envolvimento em massa de clientes, cidadãos e funcionários com os sistemas empresariais.
“Com 1,2 bilhão de pessoas nas redes sociais - cerca de 20% da população mundial -, a computação social está em uma nova fase. Os líderes de TI devem incorporar imediatamente as capacidades de software social em seus sistemas empresariais”, atesta o especialista.
Boom da informação
“O conceito de data warehouse empresarial, contendo todas as informações necessárias para as decisões, está morto”, garante Sondergaard.
Múltiplos sistemas, incluindo gestão de conteúdo, data warehouses, data marts e sistemas de arquivos especializados unidos com serviços de dados e metadados vão se tornar um warehouse “lógico” dos dados empresariais, em breve, acredita ele.
O executivo define a informação como “o combustível do século 21”, e as análises destas “o motor de combustão”.
Mobilidade
Para Sondergaard, organizações de TI que não apostarem em mobilidade serão ultraadas e ponto.
Para ele, a mobilidade não é uma tendência que está chegando, ela já aconteceu: em 2010, a base instalada de PCs móveis e smartphones superou a dos desktops, com cerca de 20 milhões de tablets vendidos no ano ado.
Até 2016, o Gartner estima que 900 milhões de tablets serão comercializados, o que representa um tablet para cada oito pessoas do planeta.
Até 2014, os dispositivos baseados em sistemas operacionais móveis - como iOS da Apple, Android e Windows 8 - vão superar todos os sistemas baseados em PCs.
“Até 2014, lojas de aplicativos vão ser implementadas por 60% das organizações de TI. As próprias aplicações serão redesenhadas entendendo automaticamente a intenção dos usuários”, afirma o especialista.
Para ele, a computação móvel não é apenas o desktop em um dispositivo móvel, mas algo mais “context-aware”, que leva em consideração o contexto e situação do usuário.