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Claudio Chauke.
O avanço da tecnologia dentro das organizações e no cotidiano do cliente final está colocando as organizações frente a novos desafios, para os quais as respostas não podem ser encontradas só em termos de retorno de investimento, e sim em questionamentos éticos mais profundos.
A mensagem vem, meio surpreendentemente, do Gartner, um dos principais oráculos do mundo de TI, embalada no termo “humanismo digital”.
O tema esteve no centro dos debates do seminário executivo da Sucesu-RS para CIOs gaúchos realizado nesta quinta-feira, 09, em Viamão, na região metropolitana de Porto Alegre, com o tema “Computação Positiva - Tecnologia a favor do potencial humano”.
"Até agora, as decisões sobre TI eram baseadas em regras. O avanço da tecnologia pede que comecem a incluir discussões sobre princípios", avalia Claudio Chauke, diretor dos Programas Executivos do Gartner para a América Latina, que palestrou sobre o tema no encontro.
Uma abordagem de TI centrada em regras se preocupa é transacional, preocupada com compliance e riscos legais, dentro de uma norma geral de que se algo não é proibido, é permitido.
Com a polêmica crescente sobre privacidade de dados, vigilância por parte do governo e segurança, esse paradigmas se torna insuficientes, e torna-se necessário colocar preocupar-se mais com a repercussão da adoção de tecnologia a nível social.
Não foi um exemplo citado por Chauke, mas um caso clássico citado em dezenas de palestras é o da rede de supermercados americana Target, que a partir de informações de padrões de compra inferiu que algumas clientes poderiam estar grávidas e decidiu enviar uma comunicação de felicitações - e promoções - causando um escândalo.
Os problemas da Target decorream do fato da companhia ter cruzado o que o Gartner batizou de "Creeply Line", dividindo as chamadas "camadas de familiaridade".
(Independente do tema, o instituto de pesquisa segue com sua facilidade de criar termos e chavões que definem a indústria de TI).
Essa barreira é atravessada quando a tecnologia de trabalho a informações que pertencem ao domínio dos amigos, relações próximas ou mesmo de foro íntimo - categoria na qual a maioria das pessoas incluiria uma gravidez.
Na visão do Gartner, inovação relevante é feita quando existe uma resposta positiva para três perguntas sobre uma iniciativa: Ela pode ser feita? Ela produz algum resultado, como lucros? e, finalmente, As pessoas realmente querem isso?
Muitas vezes (como no caso do Target), por distorção de percepção das organizações, a desejabilidade por parte do público de uma inovação fica em segundo plano quando existe uma resposta positiva para a possibilidade de executar e lucrar com uma ideia, decisões que são internas de uma companhia.
E o que fazer a partir de tudo isso? De acordo com a avaliação do Gartner, é o papel dos profissionais de tecnologia trazer essa discussão para dentro das organizações. O progresso desse tipo de iniciativa pode ser medido em três fases.
Num momento inicial, é hora de começar a escutar as redes sociais internas e externas, ao mesmo tempo em que se avalia a capacidade da TI e da empresa de reagir a essas informações.
Uma segunda fase de dá em torno de construir capacidades internamente.
É a hora de trazer as técnicas e habilidades da abordagem "humanista digital" para dentro da companhia, junto com princípios aplicados ao processo de design, desenvolvimento e entrega.