
Funcionários da Gerdau em ação. Foto: Divulgação.
A Gerdau acaba de fechar um projeto com a SAP para adoção do software de recursos humanos SucessFactors para modernizar o seu RH.
A informação faz parte de uma divulgação de resultados trimestrais da SAP, que não dá muitos detalhes sobre o projeto, dizendo apenas que ele visa “descentralizar processos e melhorar o gerenciamento de recrutamento, treinamento e recepção dos colaboradores”.
Provavelmente, a Gerdau está fazendo uma migração parcial das soluções tradicionais de gestão de recursos humanos da própria SAP, conhecidas pela sigla em inglês HCM.
A iniciativa é um dos primeiros projetos conhecidos de Gustavo França, executivo que assumiu a TI da Gerdau em abril.
França ou alguns meses em um escritório da Gerdau no Vale do Silício (onde a SucessFactors está sediada).
Antes, ele fez carreira na TI da Gerdau, empresa na qual ingressou em 1999, quando ainda era um estudante de Ciências da Computação da Unifacs, em Salvador.
Em 2016, França foi São Paulo, onde foi gerente de TI para a parte industrial, ao mesmo tempo em que participava do programa de transformação digital e Indústria 4.0 da Gerdau, conhecido internamente como Usina Digital.
A promoção de França foi vista com otimismo com fontes ouvidas pelo Baguete, que acreditam que o perfil do profissional pode sinalizar um novo ciclo de investimento da Gerdau em TI.
De uns tempos para cá, inclusive, a Gerdau vem divulgando investimentos justamente no tipo de projetos ligados à transformação digital da indústria nos quais França esteve envolvido, conhecidos internamente pelo nome Usina Digital.
Em 2017, por exemplo, a Gerdau adotou um sistema da General Eletric para manutenção preventiva de 1 mil equipamentos em 11 unidades do grupo siderúrgico brasileiro.
Na época, a empresa falou que se tratava de "uma iniciativa inédita no mercado global de aço”.
No ano ado, foi a empresa desenvolveu um aplicativo mobile para o processo de compra de matérias-primas com tecnologia de machine learning da SAP, parte do pacote de produtos Leonardo.
Pelo lado mais de gestão, a Gerdau apostou em um estilo startup” para os seus funcionários das áreas financeira, jurídica, institucional e de relações com os investidores.
O estilo do novo espaço é conhecido por quem entrou em alguma empresa nova da área de tecnologia nos últimos tempos: espaços abertos, wifi e mobiliário informal ocupado por profissionais em trajes casuais.
Esse tipo de investimentos, associada com a movimentação do projeto Usina Digital, parece mostrar que a Gerdau está entrando em uma nova fase no que diz respeito a tecnologia.
No ado, a empresa tocava grandes projetos como a expansão do sistema de gestão da SAP, envolvendo centenas de recursos e milhões gastos em consultorias, ao longo de anos.
Agora, a meta parece ser gerar impacto nos negócios de forma rápida, apostando em projetos pontuais, com resultados de visibilidade imediata a nível de produção.
Um nome como a Gerdau é um acréscimo importante para a base de clientes SucessFactors no país.
A SAP pagou US$ 3,4 bilhões pela companhia lá em 2011, uma época na qual a SucessFactors tinha uma base de clientes de meia dúzia de clientes no país.
Desde então a SAP vem montando um canal para o produto. Em 2016, inaugurou um data center no Brasil, um investimento de R$ 19 milhões no qual um dos primeiros objetivos era hospedar o software para o mercado brasileiro.
Hoje, a base de clientes chega a algumas centenas de nomes, incluindo empresas de porte como JBS, Lojas Marisa e Porto Seguro.
Mesmo assim, os indicativos são que a nível global a SAP não está lá sendo muito bem sucedida em fazer seus clientes trocarem o tradicional HCM pelo SucessFactors.
Em 2018, a SAP anunciou que lançará em 2023 uma nova versão do seu software de recursos humanos para rodar localmente nos clientes junto com o sistema de gestão empresarial SAP S/4.
“Mesmo com um número crescente de clientes migrando para o Success Factors para acelerar suas jornadas rumo a um RH digital, nós reconhecemos que alguns clientes querem a solução rodando localmente por algum tempo”, resumiu a empresa em nota.
A SAP também disse que “maioria das inovações” na área de recursos humanos será entregue no Success Factors, mas esse é um argumento bem menos forte para justificar uma migração do que o fim do tradicional produto HCM.
A multinacional alemã já tinha tranquilizado os clientes no ado prometendo o e do HCM on premise até 2025. Agora, se comprometeu também a ar o novo produto, com recursos equivalentes ao atual, até 2030.