Gestão cega, Copa em risco 536066

Há uma cegueira da istração pública quanto ao investimento em tecnologia, o que acaba contendo a inovação nas cidades, estados e federação.

Inclusive no que tange à Copa do Mundo de 2014: o tempo é curto e esse esquema cego e desintegrado gera risco de não se conseguir aprontar as estruturas necessárias.  

O disparo é do presidente da Procempa, André Imar Kulczynski, que fala em um cenário de istração pulverizado.
17 de março de 2010 - 10:09
Gestão cega, Copa em risco
Há uma cegueira da istração pública quanto ao investimento em tecnologia, o que acaba contendo a inovação nas cidades, estados e federação.

Inclusive no que tange à Copa do Mundo de 2014: o tempo é curto e esse esquema cego e desintegrado gera risco de não se conseguir aprontar as estruturas necessárias.  

O disparo é do presidente da Procempa, André Imar Kulczynski, que fala em um cenário de istração pulverizado.

“São muitos bancos de dados únicos, muitos sistemas específicos. Há uma desintegração entre a istração municipal e estadual, por exemplo, no uso da informação e na interoperabilidade dos sistemas. O compartilhamento das tecnologias seria muito mais evolutivo”, afirma ele.

Eu, eu, eu. E o "nós"?
Para Kulczynski, cada gestor fala o que faz, como faz, quanto faz, mas nenhum fala em interoperação, em um trabalho conjunto, em relação à TIC.

Olhar viciado
Além disso, há uma fixação excessiva no custo da tecnologia, declarou em um debate do Porto Alegre Wireless do qual também participou o secretário municipal da Copa e vice-prefeito da capital gaúcha, José Fortunati, na terça-feira, 16.

“É sempre: quanto custa a Procempa, quanto custa a Prodam. Isso é errado, há que se pensar na tecnologia enquanto investimento e trabalhar em estreitamento político, integração, para que haja retorno”, dispara. “A instalação de redes em mais bairros, para facilitar a comunicação e o tráfego de dados durante o mundial, por exemplo: tudo isso custa, sim, e não traz retorno econômico imediato para as istrações, mas quantas empresas poderão oferecer serviços sobre estas redes? Há que se pensar nesta interação com a iniciativa privada também e no que isso resultará para as cidades e estados, em termos de modernização”, complementa.

Muito além do data center
E para o gestor da Procempa, para que haja esta interação, o primeiro o é que os gestores da TI pública se integrem às discussões políticas de suas instâncias, sejam municipais, estaduais ou federais. Na opinião dele, é preciso participar das reuniões de secretários, dos debates e definições.

“O gestor não pode atuar como um técnico: ele tem de ser um ente político, conhecer a política do atual governo e alinhar suas estratégias a ela. De outra forma, não conseguirá aplicar seus planos e a inovação não vai caminhar”, atesta.

Na Copa, não: nas sedes!
Outro erro, segundo Kulczynski, é pensar em “investir na Copa”: o correto é pensar em investir nas cidades.

“Veja-se o exemplo do Pan: quantas estruturas foram construídas que agora estão lá, sem uso. Isso é desperdício de dinheiro e de esforços inovoadores”, alfineta o gestor. “Por isso acho importante pensarmos, no caso da Copa, em investimentos além da esfera mobilidade urbana/vídeo-monitoramento: precisaremos equipar as cidades nas áreas de saúde, trânsito, limpeza etc. Não se fala nisso, mas a tecnologia pode muito bem se inserir em todos estes meios”, destaca.

E dinheiro para tudo isso?

Conforme o dirigente, quando se fala em preparar a cidade para o mundial, se está falando em captação de recursos – esfera onde reside outro problema.

Hoje, segundo Kulczynski, se fala apenas em financiamentos, ou seja: recursos pelos quais os municípios terão de pagar posteriormente.

“As cidades têm de ter capacidade de endividamento, sabendo que tudo terá de ser pago, o que é impensável para muitos locais no modelo tributário atual. Porto Alegre tem esta capacidade e já está captando recursos junto a entes como Caixa Federal, BNDES e Cooperação Andina de Fomento (CAF)”, comenta ele. “Porém, aqui temos pensado em estruturas que não se tornem inoperantes após o mundial, exatamente para evitar a falha neste processo”, destaca.

Infovia
Uma das estruturas que, conforme Kulczynski, se manterá operante no pós-Copa é a Infovia, que deverá crescer, até o fim deste ano, em torno de 600 km, chegando à capacidade de 10gb a 20gb para a Copa.

O projeto, que ampliará a abrangência da rede para 24 bairros das zonas mais centrais de Porto Alegre, abrirá, conforme o gestor da Procempa, um leque de oportunidades para provedores e operadoras, posteriormente.

“Além disso, depois do mundial esta estrutura poderá continuar a ser usada por todas as instâncias da istração de Porto Alegre”, finalizou ele.

Leia mais no Baguete
O projeto de ampliação da Infovia para a Copa, que ainda a por estudos de viabilidade, foi assunto de matéria no Baguete, que pode ser conferida na íntegra pelo link relacionado abaixo.