
Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil. Foto: divulgação.
O mercado de trabalho brasileiro terá que requalificar cerca de 22% da mão de obra existente para suprir a demanda projetada para a adoção da inteligência artificial no país nos próximos 10 anos.
Este é um dos principais desafios apresentados no estudo “A Inteligência Artificial (IA) na era da COVID-19: Otimizando o papel da IA na geração de empregos e crescimento econômico na América Latina”, encomendado pela Microsoft à consultoria FrontierView.
De acordo com a pesquisa, mais da metade dos empregos em 2030 devem ser de alta qualificação, o que inclui profissionais como técnicos, gerentes e trabalhadores istrativos — enquanto a demanda por trabalhadores de qualificação média ou baixa deve diminuir significativamente.
Para suprir a nova demanda e aproveitar o potencial trazido pela automação, o Brasil não poderá contar apenas com a mão de obra já existente e com novos graduandos em cursos nessa área, sendo necessário requalificar outras parcelas da população.
Será preciso reinventar trabalhadores para que eles possam desempenhar tarefas novas. Um operador de planta, por exemplo, que é considerado de média qualificação, pode se tornar um técnico para atuar com sensores de IoT.
Caso não haja a requalificação necessária, as projeções para 2030 apontam que apenas 30% dos trabalhadores brasileiros terão alta qualificação, enquanto a demanda será de 52%.
Além da questão da mão de obra, o estudo projetou que o uso da IA deve adicionar entre 1,8 e 4,2 pontos percentuais ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no período.
De acordo com a análise, a tecnologia pode ser uma ferramenta para auxiliar o país na recuperação econômica, reduzindo custos, melhorando a arrecadação de impostos e estimulando a liberação de crédito para movimentar a economia.
“Nossa pesquisa aponta que inteligência artificial pode ser um impulsionador da retomada econômica do Brasil após a pandemia da Covid-19. Com as estratégias e investimentos certos, o país pode elevar seu crescimento econômico e aumentar a produtividade da população”, destaca Pablo Gonzalez Alonso, diretor de pesquisa na FrontierView para a América Latina.
Para contextualizar a posição do Brasil em relação à América Latina, a pesquisa analisou Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, México, Peru e Porto Rico. Destes, México, Brasil e Costa Rica devem ver os maiores saltos no crescimento econômico atribuídos pela adoção da IA e a Argentina, os mais baixos.
O Brasil ainda tem a segunda maior oportunidade de aumentar seu crescimento de produtividade e equipará-lo ao de países desenvolvidos, logo após o México, que ocupa a primeira posição.
“A inteligência artificial tem um imenso potencial de transformar os negócios e a nossa sociedade, mas para se beneficiar dessas oportunidades, precisamos garantir que ela seja conduzida de maneira ética, responsável e que seja ível a todos”, afirma Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil.
Fundada em 1975, a Microsoft tem negócios em 170 países e conta com cerca de 144 mil funcionários. A empresa está no Brasil há 31 anos, com sede em São Paulo.
Já a FrontierView, também americana, foi criada em 2007 e tem mais de 200 companhias como clientes. Entre elas, estão nomes como Adidas, Henkel, Kimberly-Clark, Bacardi, Herbalife, Bic, Nike, Lufthansa, Campari, Novartis, Cisco, Citrix e Motorola Solutions.