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Inovação tem CEP? 341gq

O que a ascensão da região Sul diz sobre os caminhos do Venture Capital no Brasil. 175u3u

18 de março de 2025 - 12:48
Leandro Pereira.

Leandro Pereira.

A inovação no Brasil tem avançado significativamente nos últimos anos, com destaque para estados como São Paulo, Santa Catarina e Paraná, que lideram os rankings nacionais. De acordo com o Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID), lançado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), São Paulo mantém a liderança com um índice de 0,891, seguido por Santa Catarina com 0,415 e Paraná com 0,406.

Esses resultados refletem o fortalecimento dos ecossistemas de inovação, impulsionados por investimentos em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capital humano qualificado. A presença de universidades renomadas e um ambiente favorável ao empreendedorismo tem sido essencial para esse progresso.

O avanço da região Sul evidencia uma descentralização da inovação, antes concentrada no Sudeste. Esse movimento fortalece o desenvolvimento regional e estimula a competitividade entre os estados. No entanto, a média nacional do IBID ainda é de 0,291, indicando que há desafios para consolidar um modelo de inovação mais uniforme no país.

Nesse cenário, o papel do Venture Capital no Brasil torna-se ainda mais estratégico. Investidores de capital de risco desempenham uma função essencial ao fornecer recursos financeiros e e para startups, permitindo que inovações tecnológicas sejam desenvolvidas e escaladas.

A ascensão do Sul nos rankings de inovação indica que há espaço para novas teses de investimento fora dos eixos tradicionais. No entanto, surge um desafio: como ampliar essa transformação para outras regiões e consolidar um modelo de inovação mais diversificado e sustentável? 

Por que a região Sul se destacou?

A região Sul consolidou um dos ecossistemas de inovação mais robustos do país. Diferente de outras localidades do País, o Sul conta com fatores estruturais que impulsionam a inovação.

1. Universidades e centros de pesquisa como alicerce

Instituições renomadas como a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) do se destacam em rankings de inovação. Além disso, a proximidade entre startups e centros de pesquisa acelera a transferência de tecnologia para o mercado.

2. Parques tecnológicos e incubadoras bem estruturadas

O Sul consolidou ambientes que funcionam como verdadeiros polos de inovação. Parques como o Tecnopuc (RS), o Sapiens Parque (SC) e o Biopark (PR) fortalecem conexões entre universidades, startups e grandes empresas. Esse modelo aproxima talentos acadêmicos das demandas do setor produtivo, acelerando a validação de novas tecnologias. Incubadoras também garantem que as startups da região cheguem ao mercado mais preparadas para competir em nível nacional e internacional.

3. Indústrias tradicionais impulsionando a inovação aplicada

A economia da região Sul equilibra tradição e tecnologia. O Rio Grande do Sul abriga um dos maiores polos metalmecânicos do Brasil, enquanto Santa Catarina é referência no setor têxtil e moveleiro. O Paraná se destaca na agroindústria e biotecnologia. Startups locais tendem a desenvolver soluções voltadas para eficiência e competitividade de indústrias já estabelecidas, resultando em inovação pragmática e menos dependente de modismos.

4. Energia e sustentabilidade como diferencial competitivo

A transição energética tem papel crucial na inovação global, e a região Sul se destaca nesse setor. O Paraná abriga a Usina Hidrelétrica de Itaipu, uma das maiores do mundo, enquanto o Rio Grande do Sul e Santa Catarina são líderes em geração de energia eólica e solar. O avanço de hubs de tecnologia limpa e biogás reforça que a inovação na região vai além das startups tradicionais, abrangendo setores fundamentais para um futuro sustentável.

Enfim, a inovação na região Sul não é uma exceção ou um caso isolado. Seu crescimento reflete um modelo de desenvolvimento que conecta universidades, centros de pesquisa e indústrias tradicionais à nova economia. Mas, apesar desse avanço, ainda há desafios: o o a capital continua desproporcionalmente concentrado no Sudeste, e a lógica predominante do Venture Capital brasileiro ainda favorece negócios de crescimento acelerado em setores mais visíveis. 

Ou seja: se o mercado continuar operando apenas com uma visão imediatista e guiado por múltiplos de saída, setores estruturantes seguirão à margem do ecossistema de inovação. A região Sul já demonstra que há espaço para um modelo alternativo: um Venture Capital menos obcecado pelo curto prazo e mais comprometido com o impacto econômico real. O Brasil não precisa apenas de mais startups. Precisa de inovação que dialogue com sua vocação produtiva e que fortaleça setores fundamentais para sua competitividade global.

* Leandro Pereira é Head de Investimentos na região Sul da KPTL.

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