
Fernando Cirne, CEO da LWSA. Foto: divulgação.
A LWSA, companhia brasileira anteriormente conhecida como Locaweb, entrou com um processo junto ao Banco Central para obter a licença de instituição de pagamento para a Vindi, empresa adquirida em 2020 por R$ 180 milhões.
Originalmente um software as a service (SaaS) que processa e faz a gestão de pagamentos recorrentes, a Vindi foi a segunda maior aquisição do grupo até o momento.
De acordo com o site NeoFeed, agora a marca foi escolhida para batizar a sua divisão de serviços financeiros, que vai começar a ganhar evidência e mais crédito na estratégia da companhia.
Na divisão, também estão a Pagcerto e a Credisfera, outras duas empresas adquiridas, além da Yapay, solução de pagamentos criada internamente.
Esse processo de estruturação começou a ganhar corpo e velocidade ainda em agosto de 2023, a partir da chegada de Cassius Schymura ao grupo como vice-presidente de serviços financeiros e responsável pela Vindi.
“Já tínhamos uma operação de pagamentos com um volume muito grande e que roda com uma margem alta. Por outro lado, os outros produtos financeiros estavam sem foco. Temas como crédito e conta digital ainda não eram uma prioridade corporativa”, contou Schymura à publicação.
Nesses últimos meses, o foco foi construir internamente o portfólio da divisão.
Em janeiro deste ano, a empresa concluiu a integração das equipes agora sob o guarda-chuva da Vindi. Esse time, antes disperso, foi reduzido de 440 para 390 pessoas, além de ser reforçado com profissionais mais seniores.
”Agora, já não é mais desenhar ou planejar. Os verbos são diferentes. Já temos tudo pronto. É botar na rua, testar o que funciona e o que não funciona para começar a ganhar escala”, atualizou Fernando Cirne, CEO da LWSA, ao NeoFeed.
A agenda é vista pela empresa como essencial para internalizar os serviços.
“Hoje, nós terceirizamos tudo e pagamos pedágio para muita gente. Além de melhorar nossa rentabilidade, operar como uma IP vai nos permitir ter mais domínio dessas relações e acelerar essas ofertas”, explicou Schymura.
No primeiro trimestre de 2024, o grupo registrou um volume total de pagamentos (TPV, na sigla em inglês) de R$ 1,7 bilhão, alta de 17,3% em comparação com o ano anterior. Hoje, 70% dos clientes da companhia usam suas soluções de pagamento.
Nas demais ofertas, porém, os números ainda são mais tímidos, como é o caso de um projeto-piloto de conta digital associado ao Bling, seu sistema de gestão para pequenas e médias empresas.
O projeto está estacionado em 5 mil usuários, muito em função da conta digital ser operada por um parceiro, cujo nome não foi revelado.
O mesmo cenário se aplica ao segmento de crédito, em que, hoje, a LWSA atua basicamente como um intermediário para ofertas pontuais de terceiros.
Hoje com mais 183,4 mil empresas clientes no total, o plano da companhia nesta nova fase é aproveitar o cliente que a horas logado nas plataformas do grupo para encaixar, pouco a pouco e de forma natural, produtos financeiros dentro do conceito conhecido como embedded finance.
“A Vindi tem um barril bom e de peixes gordos para pescar. E um volume enorme e rico de informações sobre indicadores como fluxo de vendas e capital de giro desses negócios, que am, por exemplo, pelo nosso ERP”, destacou Cirne.
Nessa abordagem, já está em fase de projeto-piloto a oferta de um limite rotativo para as empresas usuárias do Bling.
“É um produto similar a um cheque especial, lastreado na quantidade de boletos que esse cliente já emitiu e no que ele tem a receber na conta digital do Bling. Estamos testando ainda no esquema de family & friends, mas vamos começar a ampliar no segundo semestre”, contou Schymura.
Outro projeto em andamento é a estreia da fintech no mercado de empréstimos realizados com base em projeções de recebíveis futuros. Esse pacote inclui a oferta da infraestrutura tecnológica da Vindi a outras companhias no formato de white label.
Com a previsão de lançamento no fim do terceiro trimestre e em fase final de estruturação, o plano é avançar no volume expressivo de franquias que usam as plataformas da LWSA e, em outra ponta, nos clientes atendidos pela Wake, operação do grupo voltada a grandes empresas.
“Já fechamos um cliente em franquias que começa a operar neste mês. Estamos começando a trabalhar essa oferta na Wake, mas já temos um pipeline de quatro clientes em negociação”, contou Schymura.
A Totvs e a Omie, que também atuam com ERPs, seguiram essa mesma lógica de ecossistema, investindo em M&As para acelerar os avanços na área.
Na Totvs Techfin, essa trilha incluiu acordos como uma t venture com o Itaú Unibanco para turbinar a oferta de crédito. Já a Omie desembolsou R$ 120 milhões no fim de 2021 para comprar o banco digital Linker.
Pioneira na Internet comercial brasileira, a Locaweb nasceu no final dos anos 90 e foi, por muitos anos, a líder no mercado de hospedagem de sites no varejo.
A mudança de rumos veio em fevereiro de 2020, quando a empresa fez seu IPO. Depois disso, fez 16 aquisições, totalizando R$ 1,24 bilhão em investimentos. Em novembro de 2023, a companhia apostou em um reposicionamento de marca e agora se chama LWSA.
Hoje a marca se divide em cinco verticais: Be Online, Serviços Financeiros, Commerce PME, Gestão e Commerce Enterprise.