
Celso Pansera. Foto: Nilson Bastian / Câmara dos Deputados
Celso Pansera (PMDB-RJ), atual ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, é um dos alvos da nova fase Operação Lava Jato, chamada de Catilinárias.
Na manhã dessa terça-feira, 15, agentes da Polícia Federal estiveram na casa de Pansera, como parte de uma operação que teve seu alvo principal no presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha.
Pansera, um deputado federal em primeiro mandato, ficou marcado pela definição de “pau mandado de Cunha” dada pelo doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato.
Em nota, o ministro disse que "abre mão espontaneamente" de seus sigilos bancário e fiscal e que tem "pleno interesse no esclarecimento dos fatos sob investigação".
Agora é saber como fica o Ministério de Ciência e Tecnologia enquanto o seu titular estiver envolvido com a Lava Jato.
Não que Pansera estivesse fazendo muita coisa até o momento. Nomeado em outubro, com pouca experiência em ciência e tecnologia a nível federal, o novo ministro estava recém se acostumando ao cargo e lidando com cortes de orçamento.
Com um novo corte anunciado no final de de novembro, o total da redução do orçamento do MCTI chega a 35,9% do total destinado ao órgão inicialmente.
Além disso, estima-se que o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal ferramenta de apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento do Brasil, com previsão de orçamento de R$ 3,4 bilhões em 2015, esteja contingenciado em 75%.
Mas não só os cortes e agora a Lava Jato prejudicam o MCTI. Entidades do setor tem reclamado da alta rotatividade de ministros no cargo.
Com a nomeação de Pansera, o governo Dilma Rousseff manteve uma média de um ministro no cargo por ano. Foram quatro até agora.
Dias antes da nomeação de Pansera, oito entidades representativas do setor de ciência e tecnologia divulgaram uma nota dizendo que era “imperativo” que fosse evitada a “instabilidade e a descontinuidade das ações estruturantes em andamento”.
“O sistema não a mais alterações frequentes na gestão do Ministério, com repercussões em programas e políticas estratégicas”, resumia o texto, assinado entre outros pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), a Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI) e o Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (CONSECTI).