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Meg Whitman.
A Micro Focus, companhia britânica de soluções para área de software, fechou um acordo com a HPE para criar uma nova companhia com base nos ativos de software da multinacional americana.
O negócio incluiu US$ 2,5 bilhões em dinheiro e uma participação de 50,1% na nova empresa para os acionistas da HPE, avaliada em US$ 6,3 bilhões.
O acordo é a última movimentação da HPE para concentrar operações em áreas nas quais pode obter maior lucratividade, focando em hardware, serviços e softwares específicos para clientes corporativos, como, nesse último caso, soluções de gerenciamento de infraestrutura e redes definidas por software.
A unidade de software da HPE gerou US$ 3,6 bilhões em receita líquida em 2015, uma queda em relação aos US$ 3,9 bilhões de 2014.
Segundo a empresa, o crescimento da receita em sua unidade de software tem sido desafiada por uma mudança de mercado para ofertas de em nuvem.
"Estamos focando a nossa companhia em uma estratégia na qual sabemos que podemos ganhar", resume Meg Whitman, CEO da HPE.
Esse é o maior negócio já fechado por uma empresa britânica de TI. Com ele, a Micro Focus e inclui principalmente a Autonomy, outra companhia do Reino Unido que a então HP comprou por US$ 11 bilhões em 2011.
O forte da Autonomy eram tecnologias ligadas a análise de dados não estruturados. Hoje, o consenso é que a HP pagou demais e nunca conseguiu integrar a oferta direito no seu porfólio.
O pacote adquirido pela Micro Focus também inclui os ativos da Mercury Interactive, especializada em SOA e gerenciamento de aplicações, comprada por US$ 4,5 bilhões em 2006.
Outras empresas menores incluídas são a Vertica, uma plataforma de análise de dados, e a ArcSight, empresa de segurança cibernética.
A Micro Focus foi fundada ainda nos anos 70, como uma empresa focada em desenvolvimento Cobol. Nos últimos anos, visando diversificar o negócio de uma tecnologia legada como Cobol, a empresa vem fazendo uma série de compras.
A estratégia começou em 2009, com a compra da Borland, uma desenvolvedora de soluçoes de desenvolvimento de aplicações.
Em 2013, foi a vez das linhas de produto Orbix, Orbacus e Artix da Progress, outra companhia focada em desenvolvimento.
A Micro Focus parece estar se especializando em comprar de segunda mão ativos de fusões que não deram certo.
O maior exemplo e também o negócio feito pela empresa até agora foi em 2014, com a compra da Attachmate, desenvolvedora de soluções para integração de aplicativos, por aproximadamente US$ 1,2 bilhão.
No balaio, entrou a a Novell, uma empresa adquirida por US$ 2,2 bilhões apenas quatro anos antes pela Attachmate.
Finalmente, a Micro Focus comprou por US$ 540 milhões no começo do ano a Serena Software, empresa especializada em aplicações para DevOps
Com a compra, a multinacional adicionará ao seu portfólio as soluções de gerenciamento de ciclo de vida para aplicações (ALM, na sigla em inglês).
Enquanto a Micro Focus empilha aquisições, a HPE segue o movimento contrário, iniciado com a própria divisão da empresa, que criou um player corporativo e outro mais voltado para a área de consumer, a HP Inc.
Em maio, a empresa realizou a fusão de sua área de serviços de TI e terceirização com a Computer Sciences Corp (CSC), nos mesmos moldes do negócio com a Micro Focus.
Em maio, a companhia vendeu para investidores chineses 51% da H3C Technologies, empresa chinesa de soluções de rede criada pela multinacional para atender o mercado asiático, por US$ 2,3 bilhões.
Logo depois, foi a vez de fazer um um spin-off de sua unidade de serviços corporativos, nos mesmos moldes do acordo agora fechado com a Micro Focus.
Nessa ocasião, o acordo foi com Computer Sciences Corp, uma gigante de TI americana. A HPE irá receber um dividendo em dinheiro de US$ 1,5 bilhão da CSC e transferir US$ 2,5 bilhões em dívidas.