
Objetivo é evitar ataques com dinamite.
Uma densa neblina branca, capaz de reduzir a visibilidade a zero, somada a um ruído de 120 decibéis [um pouco acima do barulho de um show de heavy metal na primeira fila], é a nova arma dos bancos para deter a epidemia de explosões de caixas eletrônicos no país.
Nenhuma das duas técnicas é inovadora no combate a roubos, mas, de acordo com Rogério Carmargo, diretor comercial da Alarmtek, empresa paulista que trabalha com a tecnologia, a melhoria dos sensores e do monitoramento remoto faz possível que a novidade seja implementada em larga e com mais eficiência.
“Antes isso não funcionava porque os bancos não conseguiam manter todas as máquinas com a manutenção necessária prontas para serem acionadas, ou havia temores sobre acionamentos acidentais”, explica Camargo.
Agora, os geradores de neblina, equipamentos do tamanho de um split pequeno que ficam escondidos sob o forro das agências, podem ser monitorados em tempo real pelas centrais de circuito fechado de TV dos bancos, sendo acionados a distância ou por alarmes gerados por impactos contra os caixas.
Uma explosão de caixa automático típica demora menos de dois minutos. É o tempo que os bandidos precisam para quebrar a porta de vidro, geralmente a bala, para depois quebrar o dispensario de notas do ATM com uma barra de ferro e colocar uma banana de dinamite no local, muitas vezes explodindo a agência toda no processo.
A meta dos sistemas de neblina é atordoar os criminosos antes que eles possam acender o pavio. A Alarmtek destaca que a composição química da fumaça é inócua, para além da cegueira temporária [a preocupação aqui é a possibilidade de processos movidos por clientes atingidos acidentalmente, ou, sendo as coisas como são, quem sabe até por assaltantes].
Segundo dados de 2012 da Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, feita pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) foram realizados 1.757 ataques do tipo no país, uma alta de 82%.
Embora os ataques do gênero estejam aparentemente em queda devido a maior fiscalização sobre a dinamite – em Minas Gerais foram 108 explosões entre janeiro e março, 18 a menos que em 2013 – o investimento em sistemas como o da Alarmtek é um bom negócio para os bancos.
Segundo Camargo, um ataque com dinamite típico pode causar um prejuízo na faixa dos R$ 400 mil, só em equipamento e estrutura destruídos, sem contar os dias parados. As instalações do sistema de neblina começam na faixa dos R$ 15 mil.
“Ao contrário dos sistemas que inutilizam notas com tinta essa abordagem evita que o dano seja cometido”, avalia o diretor comercial, destacando que a neblina toma conta dos espaços em menos de quarenta segundos.
Até agora, a Alarmtek já colocou o sistema em 1 mil agências da Caixa Econômica Federal e almeja atingir todas as 4 mil. O programa começou com 400 unidades e vem sendo ampliado pela CEF desde então, o que é um bom sinal para a empresa.
A informação que circula é que Itaú, Santander e Banco do Brasil estão considerando ou já adquiriram sistemas do tipo, o que, com o tempo, deve direcionar os bandidos para bancos sem a novidade, levando esses a sofrer um aumento dos ataques e a implantar também o sistema, apresentando publicamente pela primeira vez durante o Ciab Febraban, que acontece nesta semana em São Paulo.
A expectativa da Alarmtek, uma empresa com faturamento de R$ 50 milhões que atua com tecnologias de monitoramento por vídeo da Samsung, a expectativa é que no longo prazo o uso da abordagem se dissemine para outros mercados.
* Maurício Renner cobriu o Ciab Febraban em São Paulo a convite da SAP.