NetSuite mira mercado de manufatura no Brasil k2w26

O Brasil terá uma versão específica do sistema de gestão na nuvem Netsuite da Oracle para o setor de manufatura, atendendo algumas necessidades específicas do país em áreas como custeio e impostos.

O anúncio foi feito durante o SuiteWorld, evento da marca que reúne cerca de 6,5 mil pessoas de 50 países em Las Vegas.

“Já existia toda uma parte de manufatura há alguns anos que ainda não estava tropicalizada. Esse setor tem toda uma parte de custeio, de impostos, que é diferente. E a Netsuite vinha trabalhando nisso para adaptar ela para o Brasil, para contemplar ICMS, IPI e assim por diante”, explica Gustavo Moussalli, VP da Oracle NetSuite para a América Latina.

De forma geral, a plataforma a a contemplar no país o processo de calcular os impostos e incorporá-los no custo dos produtos fabricados.

Entre as novas funcionalidades disponíveis no país, está a certificação de fatura eletrônica. Com ela, é possível processar pagamentos em conjunto com as exigências de todas as capitais dos estados brasileiros e de mais de 600 municípios no Brasil, incluindo ordens de transferência entre empresas.

Já o recurso de gerenciamento de estoque permite uma visão unificada e em tempo real do estoque em todos os locais e canais de vendas, incluindo aqueles gerenciados por terceirizados.

A função de captura de faturas em conformidade com impostos, por sua vez, é voltada a  atender aos requisitos de conformidade da Receita Federal por meio do processo de Manifesto Destinatário — evento da Nota Fiscal eletrônica (NFe) que serve para informar às diferentes secretarias da Fazenda se o destinatário tem ciência daquela nota.

Com a correspondência automatizada de pedidos de compra, também é possível criar automaticamente faturas de fornecedores que aproveitam o formato de documento XML definido pela Receita Federal para faturamento eletrônico.

Outro recurso é o de itens de montagem localizados, criado para calcular corretamente impostos e custos, desde a lista de materiais até o roteiro, o trabalho em processo e as ordens de produção, de acordo com as regulamentações locais.

Por fim, o software agora também permite gerar arquivos fiscais no Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) da Receita Federal, incluindo o Bloco K — versão digital do livro eletrônico de Registro de Controle da Produção e do Estoque. 

A NetSuite já havia liberado um conjunto com quase todos os SPEDs em novembro do ano ado. O único que faltava era o Bloco K, necessário para demonstrar todas as faturas eletrônicas certificadas para movimentos de mercadorias e para relatar os níveis mensais de estoque.

O anúncio representa uma grande ampliação do potencial da Netsuite no Brasil, onde a empresa atuava até agora nos com foco nos mercados de serviços e distribuição. 

Com a entrada na manufatura, a companhia afirma mirar um mercado em potencial que inclui 90% das empresas brasileiras. 

“A indústria de manufatura representa mais ou menos 25% a 30% do PIB brasileiro, uma parcela que a gente não conseguia atacar. Então isso representa abrir um quarto do Brasil de possibilidades”, projeta Moussalli.

Nesse segmento, uma solução para o lado tributário é chave, e dificuldades no assunto costumam contar pontos contra ERPs de multinacionais e favor de produtos feitos no país.

Não é de hoje que a Oracle vem trabalhando para contornar isso. O anúncio feito em Las Vegas deu os primeiros os ainda em 2019, quando a Oracle comprou a Oxygen Systems, uma companhia brasileira especializada no NetSuite, em um negócio discreto, mas que não ou batido pelo Baguete.

“A gente começou a localização do produto, que é gerar os arquivos SPEDs, emitir nota fiscal eletrônica calculando ICMS, IPI, ISS, PIS, COFINS, através da Oxygen. Com a aquisição da propriedade intelectual, reescrevemos todo o código dentro dos nossos padrões para ser mais performático e atender todas as necessidades que o cliente precisa”, resume Moussalli.

Com foco em empresas em fase de crescimento, a NetSuite mira um mercado que vai de negócios com US$ 2 a 3 milhões até US$ 200 milhões em faturamento. 

Criada em 1998, a companhia acaba de completar 25 anos. A marca fornece um sistema integrado que inclui ERP, gerenciamento de estoque, RH, automação de serviços profissionais e comércio omnicanal.

A marca está na América Llatina desde 2012, quando contratou Moussalli como o primeiro funcionário da região. Em 2016, a empresa foi adquirida pela Oracle por uma bolada de US$ 9,4 bilhões e, hoje, conta com mais de 37 mil clientes em 219 países e territórios.

Na América Latina, a companhia conta com cerca de 100 parceiros de implementação. No Brasil, são centenas de clientes, entre eles Conta Azul, Nomad e Ituran Seguros. 

A estrutura de vendas no país conta com 40 profissionais e, em 12 meses, a meta é dobrar o número para cobrir a maior parte do país. Hoje, a estrutura se concentra nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

* Luana Rosales participa do SuiteWorld 2023, em Las Vegas, a convite da Oracle.