O futuro do trabalho em debate 366v49

A 18ª edição do Fórum da Liberdade, iniciado segunda-feira, 02 de maio, no prédio 41 da PUCRS, em Porto Alegre, contou com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia; do deputado federal Roberto Freire; do ministro da economia da Argentina entre 1999 e 2001, Ricardo Murphy, do governador do RS Germano Rigotto e até do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O tema do encontro é "O Futuro do Trabalho".

Lula enviou uma mensagem aos participantes do Fórum, lamentando não estar presente no evento. 613a

03 de maio de 2005 - 14:27
A 18ª edição do Fórum da Liberdade, iniciado segunda-feira, 02 de maio, no prédio 41 da PUCRS, em Porto Alegre, contou com a presença do prefeito do Rio de Janeiro, César Maia; do deputado federal Roberto Freire; do ministro da economia da Argentina entre 1999 e 2001, Ricardo Murphy, do governador do RS Germano Rigotto e até do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O tema do encontro é "O Futuro do Trabalho".

Lula enviou uma mensagem aos participantes do Fórum, lamentando não estar presente no evento. “A defesa da liberdade não deve compreender apenas a livre iniciativa do empreendedor. Compreende igualmente o compromisso com as liberdades democráticas, com o Estado de Direito, com a pluralidade de pensamento”, afirmou.

O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, citou a vocação do ser humano ao trabalho. “A possibilidade de contratação de pessoas é a forma mais saudável para o desenvolvimento e o crescimento da economia da nação”, disse Rigotto. “Creio que o estado brasileiro, muitas vezes, fez o que não lhe competia. Criou protecionismos prejudiciais. Constituiu favores e distribuiu privilégios. Regulamentou em excesso e manteve o Brasil fora de um circuito que, por meios mais eficazes, se ocupava da qualidade e da eficiência, obtendo menores desequilíbrios e muito maior justiça nas relações sociais”, acrescentou o governador.

O primeiro ista do evento foi o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, que discursou com base em teses estatísticas divididas em quatro pontos principais. O primeiro abordava os dados de precariedade do mercado de trabalho no Brasil; o segundo, a atuação “mediocre” da economia no país; e os dois últimos, as causas e conclusões a respeito disso.

Segundo Maia, “o Brasil tem a maior carga tributária e os maiores juros do mundo, sendo que a inflação gira a casa dos 10%”. O prefeito carioca ressaltou como prioridade a idéia da redução e eliminação de práticas autoritárias do atual governo. No campo jurídico, criticou o desrespeito a contratos estabelecidos e a adoção de conceitos do direito alternativo. O segundo ista da noite, o Deputado Federal Roberto Freire, apresentou a nova configuração do trabalho sob o estado mínimo neoliberal, modelo econômico que, segundo o deputado, teve seu processo de implantação no Brasil a partir do fim do regime militar, tendo como ápice o governo Fernando Henrique Cardoso, e que está em fase de esgotamento de seu ciclo. Para Freire, essa nova forma de trabalho caracteriza-se pela sua precarização, sem perspectivas otimistas para o futuro. Citando como um exemplo dos sintomas dos malefícios desse modelo econômico a Argentina, o deputado federal propõe como forma de reverter a situação um Brasil mais forte, tendo seus interesses garantidos, através da constituição do fortalecimento do Estado.

O último ista a falar foi Ricardo López Murphy, ex-Ministro da Fazenda da Argentina, levantando alguns pontos para a reflexão. Ele ressaltou a importância do trabalho e falou dos problemas em relação ao emprego na América Latina, onde existe desemprego e condições desfavoráveis de trabalho, como a informalidade, que reduz a capacidade de crescimento do país. Para o ex-ministro, essa condição desfavorável não se reflete apenas na economia, mas traz problemas políticos, como a pouca participação dos indivíduos excluídos do mercado de trabalho nas decisões.

Como solução, Murphy sustentou que, além do crescimento econômico, que aumentaria o volume de trabalho, o futuro do mesmo dependeria de um grande reforço educacional. E em consonância com os outros istas, Ricardo López Murphy, defendeu a necessidade de um Estado eficaz.

Num segundo momento, foram feitas perguntas aos istas. Roberto Freire foi questionado sobre qual alternativa ele sugere como modelo econômico. Ele sugeriu o Chile, com o controle que exerce em seu capital. César Maia foi questionado em relação ao custo do trabalho. Momento em que o prefeito carioca defendeu a criação de um plano simples trabalhista de encargos sociais dos empregados para as micro e pequenas empresas, a fim de reduzir a informalidade nesses empreendimentos, que compõem a maior parte dos negócios no Brasil. “O Mercosul tem salvação?” foi a pergunta feita por Ana Amélia Lemos, a mediadora, para Ricardo López Murphy. O ex-ministro respondeu que sim, mediante um marco de normas e requisitos que buscasse os interesses em comum.

Nas considerações finais, Roberto Freire defendeu a construção de uma alternativa orgânica dentro da democracia. César Maia sugeriu ao IEE a formação de uma rede nacional para a realização de mais debates como esse – que fala de liberalismo de uma forma ampla. E Ricardo López Murphy disse se sentir otimista em relação ao Brasil, onde as idéias são expressas de forma democrática.