
A Padtec, que na quarta-feira, 03, venceu o leilão da Telebrás para fornecimento do primeiro lote de equipamentos para o PNBL, concordou em reduzir o preço da oferta apresentada.
A companhia, que venceu mesmo com o laior lance demonstrado - R$ 68,9 milhões - diminuiu o preço para R$ 63 milhões.
Com isso a oferta se torna menor do que a apresentada pela ZTE, chinesa que foi a melhor oferta do leilão na quarta-feira, com R$ 63,1 milhões e garante a vitória da empresa no leilão, já que até agora só o que a assegurava era o fato de atender às normas previstas na Medida Provisória 495, que dá preferência às empresas - nacionais ou estrangeiras - que fabricam no país.
A MP, entretanto, está em tramitação no Congresso e vale somente até o fim de novembro.
Talvez por isso, já ao ganhar a licitação a Padtec acenou com a possibilidade de negociar com fornecedores estrangeiros de insumos, especialmente japoneses e norte-americanos, para conseguir baratear a proposta, que envolve equipamentos DWDM, que serão utilizados para iluminar as fibras óticas da rede do PNBL.
Além da vencedora e da já mencionada ZTE, o pregão eletrônico também contou com a participação da chinesa Huawei, que fez lance de R$ 63,6 milhões, e da sueca Ericsson, com R$ 63,9 milhões.
GENTE feliz
A decisão a favor da Padtec fortalece a ideia do GENTE - Grupo de Empresas Nacionais de Tecnologia, formado em julho deste ano com o objetivo de buscar oportundiades para fortalecimento da indústria nacional de telecom por meio das demandas geradas pelo PNBL.
A empresa de Campinas, aliás, é uma das integrantes do grupo, que conta ainda com Gigacom, QD, ASGA, WXBR, Trópico, Icatel, Parks, Digitel e Datacom, sendo essas últimas três gaúchas.
Uma das metas do consórcio é, inclusive, combater a concorrência de chinesas como Huawei e ZTE nas concorrências abertas pelo Plano Nacional de Banda Larga.
Para os gestores do GENTE, a agressividade de preços praticada pelas companhias chinesas, favorecida pelo câmbio e pelo que críticos dizem ser incentivos desleais do governo chinês, pressiona competidores do setor de TIC de todo o mundo.
“O GENTE é a união de empresas brasileiras que investem, ao ano, mais de R$ 150 milhões em P&D - em média 20% de seus faturamentos”, definiu, em julho, o coordenador do consórcio, Roque Versolato, à reportagem do Baguete.
Na época, Versolato questionava como a presidência da Telebrás faria para cumprir sua promessa de priorizar a indústria nacional no fornecimento de insumos ao PNBL, especialmente em caso de licitações públicas, quando geralmente o preço é o quesito definitivo de escolha.
A vitória da Padtec parece ter, pelo menos por enquanto, sanado a questão.
Entretanto, o GENTE tem uma visão de ainda mais longo alcance: as dez integrantes, segundo Versolato, têm capacidade para suprir as necessidades do PNBL em hardware e redes, mas també em software e serviços de implantação e operação das estruturas.
O máximo que pode acontecer, segundo o gestor do consórcio, é que as fabricantes nacionais necessitem lançar mão, em alguns casos, de até 5% de importação de equipamentos.