
Silvio Santos anunciou um aporte de R$ 2,5 bilhões para o banco Panamericano
As ações do Banco Panamericano entraram em leilão na BM&FBovespa nesta quarta-feira, 10, após sucessivas quedas que somaram uma desvalorização de 22,18% nos últimos 30 dias, conforme levantamento da consultoria Economática encomendado pelo G1.
Na terça, 09, chegaram a circular rumores de que o Panamericano poderia sofrer intervenção do Banco Central e o Grupo Silvio Santos, principal controlador da empresa, anunciou um aporte de R$ 2,5 bilhões para o banco.
Os recursos foram obtidos mediante operação financeira contratada com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Para assegurar o empréstimo, Silvio Santos colocou todo seu complexo empresarial como garantia, o que inclui o SBT, a empresa de cosméticos Jequiti, a Liderança Capitalização, as lojas do Baú da Felicidade e o próprio Panamericano.
Mesmo assim, as ações fecharam em queda de 6,75% na terça-feira e, ao entrarem em leilão, apontaram queda de 28,21%, conforme dados da BM&FBovespa.
Ainda segundo as informações da bolsa, o leilão foi determinado porque, durante o call de abertura, as ações registraram queda de 40,91%.
O leilão encerrou às 12h13, mas outro processo ainda poderá ser realizado.
Quando anunciou o recebimento do aporte do Grupo Sílvio Santos, a diretoria do Panamericano destacou que o montante seria voltado a “restabelecer o pleno equilíbrio patrimonial e ampliar a liquidez operacional da instituição, de modo a preservar o atual nível de capitalização, em virtude de terem sido constatadas inconsistências contábeis que não permitem que as demonstrações financeiras reflitam a real situação patrimonial da entidade”.
Equilíbrio quebrado por rombos encontrados nas contas do banco, que teve 35% de seu capital total vendido para a Caixa Econômica Federal (CEF) em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões.
CCJ quer saber
Nesta quarta, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um convite para que o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, prestem esclarecimentos sobre a situação do banco.
A CCJ quer saber se a Caixa já sabia dos problemas no momento da compra.
Fraude
Entre os tais problemas está a detecção de uma fraude de R$ 2,5 bilhões sofrida pelo Panamericano e encontrada há pouco mais de cinco semanas por técnicos do Banco Central.
O problema foi detectado quando eram analisadas operações de crédito vendidas pela financeira do Grupo Silvio Santos aos grandes bancos de varejo, informa o Estadão.
Na análise feita pelo BC, foi constatado que essas instituições haviam adquirido operações do Panamericano em número menor que o declarado pela financeira do empresário Silvio Santos.
É como se o comprador declarasse a aquisição de 10 carteiras, mas o vendedor registrava a venda de 50 operações.
Ao se deparar com a diferença de números, técnicos do BC aram a avaliar carteira por carteira para encontrar a causa do problema, em um trabalho de mais de um mês.
A conclusão dos avaliadores foi que o Panamericano havia vendido operações e não havia dado baixa no balanço. Por isso, o volume declarado era muito maior que o efetivo.
Diante do problema, os es do banco foram convocados para prestar esclarecimentos ao BC e de pronto os gestores da financeira itiram que mantinham no balanço um ativo que já havia sido vendido.
Ao reconhecer a falha, o controlador do Panamericano, Silvio Santos, tomou a frente das negociações para recuperar a saúde financeira da instituição, informa a fonte do Estadão, que o jornal prefere não revelar.
Agora, o Panamericano informa, também via comunicado, que convocou uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para indicação de nomes para formar um novo Conselho de istração.
Uma nova diretoria executiva também deverá ser nomeada.
Balanço do ano
Em junho deste ano, dados do Banco Central indicavam que o Panamericano era o 21º maior banco do país em ativos totais, com R$ 11,882 bilhões. O primeiro do ranking era o Banco do Brasil, com R$ 730 bilhões em ativos.
Ainda no segundo trimestre, o Panamericano reportou prejuízo de R$ 20,9 milhões no balanço individual, comparado ao lucro de R$ 44,2 milhões e R$ 51,1 milhões no primeiro trimestre de 2010 e segundo trimestre de 2009, respectivamente.
Já a carteira de crédito total consolidada atingiu R$ 10.949,6 milhões no 2T10, quando o total de clientes ficava em 16,9 milhões de cadastrados, dos quais 2,1 milhões ativos.