
É pra sentar, beber e conversar - sem celular. Foto: euvejobemassim.blogspot
Se você sentar em um bar de Porto Alegre, pedir uma cerveja Polar e seu celular ou smartphone perder o sinal, não xingue a operadora: sorria, é uma iniciativa da fabricante da bebida, a Ambev, e sua agência de publicidade, a gaúcha Paim, para incentivar a interação entre as pessoas.
Trata-se de um projeto prototipado pela própria Paim, com desenvolvimento tecnológico encomendado a uma empresa de Porto Alegre cujo nome não é divulgado.
O mecanismo usado é semelhante ao utilizado para bloqueio de sinal em presídios, agora acoplado aos porta-garrafas – as famosas camisinhas de cerveja – da marca. A Ambev detém a patente da invenção pelos próximos 20 anos.
O bloqueador já está pronto e deve começar a ser distribuída em bares sugeridos por internautas na fã page da marca ainda esse mês.
Segundo Daniela Flores, executiva da conta da Polar/Ambev na Paim, o bloqueio tem espectro de funcionamento de 1,5 metro, ou seja, não atrapalha as mesas ao redor.
Um desafio tecnológico não tão fácil. Nos presídios brasileiros, por exemplo, manter o sinal bloqueado é tarefa suada e comemorada por instituições como o governo de São Paulo, que conseguiu em janeiro deste ano, com tecnologia da campinense Innovatehc e investimento de R$ 600 mil, bloquear 100% das tentativas de ligações feitas por presos no Centro de Detenção Provisória de Mogi das Cruzes.
Nos primeiros nove dias de testes, foram detectados 1.513 chips dentro da prisão, todos bloqueados por um dispositivo que não interferiu em telefones de fora do presídio, por meio de uma espécie de "imã" de ligações.
Não se sabe se para os bebedores de Polar a tecnologia é tão complexa. O fato é que funciona, segundo Daniela.
A ideia visa a reduzir as cenas de gente agrupada em mesas de bares teclando em seus devices ao invés de conversar, e tem seus simpatizantes.
Um exemplo é um projeto do bar Salve Jorge, da badalada Vila Madalena, em São Paulo.
Em maio deste ano, o bar lançou o Copo Offline, uma tulipa de chopp que tem a base serrada e só fica em pé quando apoiado em algum objeto – no caso, um celular ou smartphone.
Convenhamos, pode ser bem menos hightech, mas teclar ou falar em um celular coberto por um copo de cerveja é bem mais complicado do que se entrosar com os amigos da mesa, correto?
A ideia do boteco paulista foi criada pela agência Fischer&Friends.
Há outros exemplos do gênero pelo mundo.
Um deles, o jogo Phone Stacking, que exige que todos os integrantes de uma mesa de bar coloquem seus smartphones em uma pilha no meio da mesa e só seja possível pegá-lo de volta na hora de ir embora.
Para quem quebrar a regra, a penalidade é ter que pagar a conta de todos.
Outra amostra vem de Seattle, onde o bar 5 Point Café anunciou um público e sonoro não ao Google Glass, óculos de realidade aumentada do Google, chegando ao ponto de decretar que clientes portando o aparato serão barrados na etnrada.
O curioso é que o café fica em uma das zonas mais tecnológicas de Seattle.