
Linha de montagem da Positivo. Foto: Fernando Dias/Positivo Informática
A Positivo fechou a compra de 80% da fabricante baiana de PCs Accept, por um valor que pode chegar R$ 51 milhões.
O valor definitivo corresponderá a até a metade do lucro antes de imposto de renda e CSLL da Accept apurado anualmente entre 2019 e 2023.
Com um faturamento de R$ 81 milhões em 12 meses até o final de setembro do ano ado, a Accept é uma empresa bem menor do que a Positivo, que faturou R$ 1,9 bilhão em 2017.
Por outro lado, a Accept tem o que a Positivo não tem: um ritmo acelerado de crescimento em um mercado que tem alternados períodos esporádicos de crescimento com longos períodos de queda e estagnação.
O crescimento médio anual da receita da Accept foi de 25% nos últimos três anos. Só em 2017, ele chegou a 27%.
A Positivo cresceu 9,6% no mesmo ano, um resultado melhor que o de 2016, quando a empresa cresceu 5,3% e um sinal de que a empresa superou os anos de desaceleração de 2015 (-20%) e 2014 (-9,2%).
A Accept fabrica e vende servidores e storages, além de produtos como Mini PCs, thin clients e desktops.
A empresa tem 30 anos de mercado e uma fábrica em Ilhéus, um polo do setor eletroeletrônico no Sul da Bahia.
A Accept terá os atuais es nas posições de CEO (Chief Executive Officer) e COO (Chief Operating Officer), ficando a cargo da Positivo Tecnologia a indicação do novo CFO (Chief Financial Officer).
A Positivo fechou 2017 registrando um prejuízo de R$ 47,6 milhões, frente a um resultado positivo de R$ 8,8 milhões em 2016.
Em sua divulgação de resultados, a companhia atribuiu o prejuízo ao fato de um estado não ter pagado um lote de notebooks para fins educacionais, um “episódio inédito”.
A Positivo frisou na época que sem esse calote a empresa teria ficado no azul, com um lucro de R$ 4,4 milhões, ainda assim, 50% menor que o obtido em 2016.
A compra da Accept é uma aposta no negócio de PCs, depois de uma tentativa de diversificar entrando em celulares.
Em 2015, a empresa criou a Quantum, uma marca focada em disputar o mercado de equipamentos intermediários para competir na faixa povoada por empresas asiáticas como Asus.
O problema é que o desempenho nesse mercado está deixando a desejar.
A companhia teve retração de 26% no volume de aparelhos vendidos em 2017.
Foram 1,7 milhão de celulares vendidos, dos quais, 1,1 milhão smartphones e 249 mil, feature phones.
Segundo a empresa, os concorrentes menores sofreram com a guerra de preços promovida pelas grandes companhias do segmento, que já concentravam 70% do mercado brasileiro e agora tem 80%.
A estratégia levou um grande baque no final de 2018, quando a Huawei decidiu cancelar um acordo que tinha com a Positivo para que a empresa fabricasse seus celulares no país.
O acordo, assinado meses antes, dava à Positivo uma entrada no mercado de aparelhos de faixa média e alta, o que seria complementar a sua atuação nos celulares mais baratos.