
O vice-líder do PSDB na Câmara, o deputado gaúcho Nelson Marchezan Júnior, encaminhou ao ministro da Saúde Alexandre Padilha pedido de informações sobre a compra de um sistema de gestão de dados da portuguesa Alert, pela Fiocruz, sem licitação.
Tida por observadores do mercado de TI para saúde como inédita pelos valores envolvidos, o contrato da entidade de pesquisa custou R$ 365 milhões e visa integrar dados da rede pública de saúde e criar prontuários eletrônicos para os pacientes do SUS, que poderão ser ados pela internet.
Marchezan Júnior enviou no ofício nove perguntas, incluindo se a Fiocruz realizou cotações prévias com fabricantes nacionais ou estrangeiras e os preços obtidos em tais cotações.
O deputado tucano também questiona porque os irmãos Augusto Cesar Gadelha Vieira, diretor do departamento de Informática do Datasus, e Paulo Ernani Gadelha Vieira, presidente da Fiocruz viajaram a Portugal para visitar a empresa, que possui uma sede em Belo Horizonte.
Além do valor avantajado, a compra da Fiocruz despertou críticas no mercado por ter excluído de uma eventual disputa fabricantes nacionais como a Totvs ou a MV Sistemas, que possuem sistemas especialistas para a área de saúde.
O valor do contrato é três vezes maior que o faturamento da Alert em 2010, que segundo o site da empresa foi de 46,9 milhões de euros, R$ 108 milhões pela cotação de hoje. [A MV faturou R$ 84 milhões em 2010 e projeta R$ 126 milhões para 2011].
A implementação supera em valor ao projeto do sistema de gestão Oracle para a Vale, um dos maiores já feito no país e orçado em US$ 55 milhões segundo reportagens publicadas à época, em 2002.
O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Pedro Barbosa, disse à Folha de São Paulo que a Alert foi escolhida por requisitos técnicos e ter a certificação internacional IHE (Integrating the Healthcare Enterprise).
A Alert, que tem filial em Belo Horizonte e em 2009 divulgou atender 30 hospitais brasileiros, seria a única empresa do segmento operando no país a possuir a certificação.
Uma consulta ao site da IHE revela que 298 fornecedores de TI em todo mundo tem a certificação, incluindo nomes de peso como Philips Healthcare, Software AG, Toshiba Medical Systems, Vocollect Healthcare Systems e Informatica.
Participam ainda da IHE 58 associações de profissionais de saúde, 31 organizações de educação e pesquisa em saúde, nove associações comerciais ligadas a saúde e 16 agências de governo e parcerias público privadas. A grande maioria está sediada nos Estados Unidos e Europa.
Não há nenhuma instituição brasileira na lista.