
Carolina Perroni Sanvicente, co-fundadora do Perroni Sanvicente & Schirmer Advogados. Foto: Divulgação
No universo das startups, onde a inovação e a tecnologia são os pilares centrais, o investimento em tecnologia muitas vezes representa uma das maiores parcelas de custo para o negócio. Este investimento não se limita apenas à montagem de uma equipe qualificada, mas estende-se à engenharia de dados sofisticada que respalda a concepção e a realização de uma visão inovadora.
Diante desse cenário, é imperativo que, desde sua concepção, estas empresas identifiquem e integrem um líder técnico em sua estrutura organizacional. Esse papel crucial é comumente atribuído ao CTO, ou Chief Technology Officer, um protagonista essencial na trajetória de sucesso de uma startup.
Surpreendentemente, muitas startups, em seus estágios iniciais, não priorizam adequadamente a função do CTO. Tal postura pode advir de uma percepção errônea de que a tecnologia é apenas uma faceta subentendida do negócio.
Frequentemente, essas empresas emergentes estabelecem seus núcleos diretivos focando nos papéis tradicionalmente mais reconhecidos, como CEOs (Chief Executive Officer), encarregados da estratégia global, e CFOs (Chief Financial Officer), responsáveis pela gestão financeira.
Nesse contexto, é alarmante observar que muitas destas empresas optam por terceirizar suas operações tecnológicas centrais. Esta estratégia pode, inadvertidamente, colocar o ativo mais crítico da startup – sua tecnologia e inovação – em uma posição vulnerável, uma abordagem que, no longo prazo, pode se mostrar insustentável e arriscada.
A função de um CTO em uma startup pode ser equiparada à de um engenheiro civil em uma construtora. Assim como é crucial para uma construtora ter um engenheiro experiente ao projetar um prédio, assegurando sua estabilidade desde os alicerces até o último andar, startups requerem um CTO para edificar uma infraestrutura tecnológica robusta desde o início.
Assim como o engenheiro civil, o CTO tem um papel estratégico, oferecendo uma perspectiva especializada sobre as interações tecnológicas e as demandas da empresa. Eles são responsáveis por criar um framework tecnológico e uma infraestrutura que permita um crescimento saudável, evitando empecilhos futuros devido à falta de adaptabilidade das soluções implementadas.
O CTO tem a expertise para decidir, por exemplo, qual licença de software ou plataforma de cloud computing melhor se alinha às necessidades da empresa, fazendo escolhas vantajosas em um mercado dominado por titãs como Microsoft e Google.
Especialmente nas fases iniciais, as startups devem ser cautelosas ao contratar. No mundo da tecnologia, talentos como engenheiros de dados e designers de software são altamente valorizados, principalmente com a ascensão da Inteligência Artificial.
Com um CTO no time, boa parte dessas responsabilidades técnicas é naturalmente assumida por ele, facilitando o balanceamento dos custos iniciais.
Startups que começam com um CTO dedicado têm uma vantagem significativa. Elas não apenas abordam desafios imediatos, mas também antecipam e se adaptam às futuras demandas de escalabilidade.
A visão aguçada do CTO evita o excesso, garantindo que a empresa não aplique soluções excessivamente complexas para desafios simples — evitando o equívoco de "usar um elefante para matar uma formiga".
No dinâmico ecossistema das startups, alimentado por ideias inovadoras, é essencial formar um quadro societário estratégico. A composição desse time deve refletir e sustentar a visão e metas da startup, e a presença de um CTO é, sem dúvida, vital para essa equação.
*Por Carolina Perroni Sanvicente, co-fundadora do Perroni Sanvicente & Schirmer Advogados.