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Rene Abe. Foto: divulgação.
A Rakuten, gigante japonesa de serviços para internet, desenvolveu uma diferente oferta para atrair novas lojas ao seu ecossistema de comércio online - o Rakuten Shopping. Para isso, a companhia lançou o Genesis, plataforma grátis de desenvolvimento para e-commerce.
Desenvolvida pela filial brasileira da empresa, o produto reúne ferramentas de cadastro de catálogos de produto, criação de lojas online, integração com outros marketplaces MercadoLivre, Walmart, Cnova) todas elas íveis a custo zero para empresas de médio e grande porte. Para empresas de micro e pequeno porte, em alguns casos a adesão a Genesis tem uma taxa de R$ 99 mensais.
Segundo explica Rene Abe, COO da Rakuten no Brasil, a cobrança tem como objetivo estimular o crescimento do volume de vendas das empresas através da plataforma, em uma espécie de lógica reversa.
"Por ser uma plataforma grátis, estamos assumindo boa parte dos custos neste início. Entretanto, assim que estes negócios atingem um determinado volume, retiramos a cobrança desta tarifa. É um caminho diferente de muitas empresas de serviço, que cobram mais a medida que seus clientes crescem", dispara Abe.
A oferta de serviços grátis também serve para incrementar o capital de giro para os comerciantes que querem crescer suas vendas online. Com o Genesis, a empresa promete reduções de até 50% em custos, desde a criação do site até a parte operacional.
Em cerca de um mês de lançamento da novidade, a Rakuten adicionou cerca de 65 novas varejistas ao seu marketplace, que atualmente conta com cerca de 1,2 mil lojas, um crescimento pequeno, mas que a empresa quer escalar rapidamente.
A expectativa de Abe é de um crescimento acentuado da plataforma durante o próximo ano, embora não divulgue números de meta. O potencial do mercado é grande, com cerca de 23 mil lojas online, reponsáveis por movimentando mais de R$ 34 bilhões em 2014, conforme dados do e-Bit.
A abordagem se justifica pelo modelo que a Rakuten espera para monetizar a aposta no Genesis: o plano é aumentar receitas em serviços complementares às lojas online propriamente ditas, provendo soluções de logística, integração bancária e de meios de pagamento já existentes no Rakuten Shopping.
De acordo com Abe, o Genesis é uma aposta arrojada para firmar o nome da empresa no segmento de e-commerce, mesmo que isso custe um golpe violento no mercado de desenvolvedores de páginas - o chamado storefront - para lojas.
"É um mercado comoditizado, onde o custo e o serviço já não importam mais. Então por quê não matá-lo de uma vez e focar em pontos mais essenciais aos negócios desta cadeia?", provoca o COO.
O modelo se assemelha ao realizado pelo MercadoLivre no país, mas com uma estratégia mais focada em lojistas estabelecidos. Segundo Abe, a presença de comerciantes mais "informais" no concorrente serve para atrair mais empresas à plataforma da Rakuten.
Para o executivo, o comércio eletrônico brasileiro está aos poucos caminhando para uma realidade onde os marketplaces serão os principais expoentes do setor, um movimento que se acelerou com a chegada da Amazon no país. Até o momento, a gigante norte-americana de e-commerce não ou da venda de livros e e-readers.
A lista de concorrentes inclui nomes como a VTEX, o grande player independente nacional, que em 2012 anunciou planos de chegar a 2016 faturando R$ 100 milhões (a empresa não divulgou os resultados do ano ado. Em 2012, fechou R$ 24 milhões).
Também existem players menores, mas apoiados por empresas maiores, como a Tray, adquirida pela Locaweb, ou fortemente investidos, como a E-smart, que tem por trás o fundador da Virid. Não está na lista da Câmara, mas a B2W, que controla os sites Submarino, Americanbaguete-br.diariodoriogrande.com, Ingresso.com e Shoptime, lançou no ano ado o [B] Seller, sua plataforma.
Com o lançamento do Genesis, a Rakuten espera abraçar o desafio em meio ao boom do segmento, com o objetivo de sedimentar a marca em meio ao grande número de concorrentes e ofertas.
"Estamos comprometidos em criar um dos maiores sistemas de marketplace do país, usando uma estratégia agressiva para tal. Por sermos uma multinacional, temos os bolsos fundos o suficiente para sustentar a estratégia e buscar resultados. Temos um plano de 10 a 15 anos para o Brasil", finaliza Abe.