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Redação do jornal Zero Hora, a estrela da RBS. Foto: divulgação/RBS.
A RBS deve anunciar nesta quarta-feira, 06, a demissão de 130 funcionários, principalmente na área de jornais.
A informação é do site especializado Coletiva.net, que teve o ao conteúdo de uma videoconferência feita pelo presidente da empresa, Eduardo Sirotsky Melzer, nesta segunda-feira, 04.
Ainda segundo o Coletiva, Melzer fez o anúncio em meio a uma explicação sobre o “processo de renovação da empresa”. O site não deu maiores detalhes.
O jornalista Políbio Braga disse em seu site, sem citar fontes, que uma eventual mudança do comando da empresa para São Paulo pode estar nos planos.
A reportagem do Baguete procurou a RBS, mas a empresa não respondeu até o fechamento desta matéria.
O anúncio de um corte grande vinha sendo aguardado há uma semana, quando a RBS fez algumas dezenas de demissões na área de jornalismo, muitos deles na TVCom e nos jornais catarinenses.
O número divulgado é significativo. A redação da Zero Hora, o maior jornal do grupo RBS, emprega 200 profissionais no jornalismo entre a sede em Porto Alegre e sucursal em Brasília.
O Pioneiro, sediado em Caxias do Sul, tem 80. No Rio Grande do Sul, a empresa mantém ainda os jornais Diário Gaúcho, na região metropolitana da capital e o Diário de Santa Maria, em Santa Maria, no interior.
A RBS tem ainda jornais em Santa Catarina: A Notícia, Jornal de Santa Catarina, Diário Catarinense e a Hora de Santa Catarina. No seu site, a empresa não divulga o número de jornalistas nesses veículos.
É difícil prever onde será feito o corte. Segundo dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC) de 2012, a Zero Hora é líder absoluta em circulação no Rio Grande do Sul, com 184 mil exemplares em média.
A título de comparação, o jornal líder do ranking, a Folha de São Paulo, tem 297 mil, circulando no país inteiro. O concorrente mais próximo em Porto Alegre é o Correio do Povo, com 149 mil [o Diário Gaúcho, focado nas classes C e D, circula mais, com 166 mil].
Com o domínio na mídia impressa [que se estende também para o rádio, pelo menos no caso da Rádio Gaúcha no Rio Grande do Sul] e limitada na cobertura de TV a Rio Grande do Sul e Santa Catarina pelo seu acordo com a Globo, a RBS vem a tempo sinalizando que busca outros horizontes desde 2011 pelo menos.
O principal deles é o mercado digital, através da plataforma proporcionada pelo fundo de investimentos eBricks, que, aliás, já é sediado em São Paulo, o que pode ter sido a origem do rumor divulgado por Braga em seu blog.
Os investimentos feitos pelo eBricks não tem a ver diretamente com jornalismo, mas todos eles tem se aproveitado do alcance do grupo como uma forma de alavancagem de negócios por meio de publicidade gratuita.
O grupo de empresas digitais da RBS inclui a agência Predicta aos sites de entretenimento Guia da Semana, ObaOba e Hagah, além das companhias de marketing e publicidade Grupo.Mobi e Hi-Midia.
Completam a lista os sites de comércio eletrônico Wine.com.br, de vinhos, e Lets, de moda, a startup mineira Everwrite, dona de uma plataforma de otimização para produção de conteúdo na web e o serviço de gestão financeira online GuiaBolso.
Ao todo, as participações adquiridas pela RBS custaram R$ 300 milhões.
A empresa bancou a vinda de executivos de mercado como Fabio Bruggioni, ex-vice-presidente do Grupo Telefônica, hoje à frente do eBricks e Deli Matsuo, ex-gerente de RH do buscador na América Latina, para assumir a vice presidência de Gestão e Pessoas do grupo como um todo.
O conselho de istração ou a contar no começo do ano com Nelson Mattos, vice-presidente de Produtos e Engenharia da Google para Europa e Mercados Emergentes.
Se funcionários estão saindo do lado da redação, parecem estar entrando pelo lado digital.
A RBS inaugurou em abril de 2011 a Unidade de Desenvolvimento de Produtos Digitais no Tecnopuc, parque tecnológico da PUC-RS em Porto Alegre.
Na época, foi divulgado que a meta era ter 100 funcionários nos 1,1 mil metros quadrados do local em "poucos meses".
Em março, Antonio Coelho, ex-COO dos sites da RBS Guia da Semana, hagah e Oba Oba, assumiu o comando da operação divulgando a meta de dobrar o número de funcionários, sem revelar quantos empregados o centro tem atualmente.