Entre as pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil, 35% dos sócios não estão satisfeitos com a remuneração e 43% não acreditam que a mesma considere contribuição/resultado.
É o que revela o estudo “Perfil e Organização das Sociedades nas Pequenas e Médias Empresas Brasileiras”, realizado pela Piccini & Fumis Consulting and Management em parceria com a Exame PME.
Conforme a pesquisa, o desalinhamento da relação entre sócios pode ser ainda mais prejudicial quando não se tem claramente definidos papéis e responsabilidades, além de uma política de governança e gestão do negócio. Muitas vezes é necessária também uma revisão das formas de remuneração.
“Uma das nossas prioridades quando começamos um trabalho em uma empresa é clarificar as relações entre os sócios”, conta Marcos Piccini, sócio-diretor da Piccini & Fumis. “Se a relação não for bem estruturada, o reflexo no desempenho do negócio, incluindo rendimento dos funcionários, vendas e crescimento, é evidente; o que diminui as chances do negócio ser mais sustentável e duradouro”, completa.
Segundo ele, um tema bastante “obscuro” nas sociedades é a diferença entre remuneração do trabalho e remuneração do capital, geralmente tratados com se fossem iguais.
Piccini explica que o primeiro deve ter uma relação direta entre a importância do papel exercido pelo sócio na operação e gestão do negócio, combinado com seu desempenho no exercício deste papel.
Já o segundo deve ser exclusivamente relacionado à participação do capital social na empresa.
“No início de uma empresa, ainda que haja um plano detalhado, é muito difícil prever qual será o desempenho do negócio. Essa incerteza diminui a possibilidade de se estabelecerem critérios de participação e remuneração atrelados ao nível de contribuição dos sócios, já que não se sabe exatamente quanto e como cada um pode contribuir e ainda não existem bases de comparação”, explica o diretor da consultoria.
Na fase de start-up, segundo ele, é comum e até aceitável que os sócios dividam a remuneração igualitariamente entre todos. Porém, é preciso ter consciência de que, em algum momento, o contrato terá de ser revisado, já que, com o amadurecimento da empresa, a participação e contribuição de cada sócio am a ser mais evidentes.
“A divisão igualitária a, então, a ser vista como injusta, e a gerar insatisfações principalmente por parte dos que mais contribuem, levantando a questão da meritocracia - remuneração baseada no desempenho”, explica Piccini.
Assim, a mesma política de participação igualitária na remuneração que contribui para manter os sócios engajados e satisfeitos na fase de start-up pode se transformar em uma ameaça para a prosperidade do negócio na fase madura.
Tiro no pé
De acordo com Piccini, a manutenção da política de remuneração igualitária nestas condições poderá, inclusive, aumentar as chances de ruptura na sociedade.
Para piorar, é provável que os sócios descontentes sejam aqueles que mais contribuem para o resultado dos negócios e a saída destes terá impactos significativos nas chances de sucesso da empresa.
“Uma das formas mais eficazes de minimizar este risco é a realização de um fórum frequente para a criação de critérios e avaliação de desempenho entre os sócios”, conclui o consultor.
Entretanto, o estudo da Piccini & Fumis detectou que somente 47% das empresas ouvidas para sua pesquisa atuam com esse tipo de sistemática.
Focada em serviços de gestão para pequenas e médias empresas, a Piccini & Fumis tem sede em São Paulo e atuação em todo o território nacional.
A empresa atua por meio de três modelos de trabalho: Gestão Interina, Consultoria ou Aconselhamento e Pesquisas e Diagnósticos Organizacionais e Operacionais.
Remuneração de sócios pode dissolver PMEs 2a5k3i
09 de agosto de 2010 - 11:42