
Angel Aldana
Os Blackberry lovers estão na mira da RIM dentro da estratégia do PlayBook, tablet da marca lançado no ano ado no Brasil, que agora está recebendo sua segunda versão.
É uma forma de manter como aliado o que a empresa sempre teve de mais forte: o mercado corporativo.
Nessa corte acirrada, a canadense se valerá de parcerias e do design como armas de sedução.
O primeiro fruto da estratégia são interfaces renovadas da integração com a SAP, apresentadas em um road show da empresa, realizado nessa terça-feira, 27, em São Paulo.
Dentro dos novos apps, o controle de estoque aparece com uma visualização das prateleiras da loja, as demandas de compra na empresa são acompanhadas de botões em forma de carimbo para aprovação ou não do chefe, e relatórios de desempenho aparecem em cores vivas, como um de carro.
Muito mais lindo
“É muito mais lindo”, diz Angel Aldana, encarregado da área de alianças e parcerias da RIM.
Com os apps, diz Renato Martins, gerente de contas corporativas da RIM no Brasil, a empresa mantém suas raízes em foco, e aproveita a base de usuários dos smartphones Blackberry para alavancar o tablet.
“Esse cara (executivo) já conhece a nossa marca, o nosso serviço. Queremos mostrar que estamos sintonizados com as necessidades dele também nos tablets”, explica Martins.
Segundo o executivo, o mérito do design dos apps é da SAP, que recauchutou a interface. A RIM apenas viabilizou as mudanças, com a tecnologia da sueca The Astonishing Tribe (TAT), adquirida em 2010, antes do lançamento do Playbook.
A empresa tem outras parcerias, mas o início com a SAP foi previsto nas “curvas do mercado”.
“Se olharmos os gráficos de quantos usuários SAP também têm Blackberry, vamos ver as duas tecnologias juntas, lá em cima”, revela Aldana.
Não foram adiantadas novas parcerias no meio corporativo, mas elas não estão descartadas.
Lindo e divertido
Outros apps incorporados ao Playbook 2.0 são o pacote Documents to Go, que permite a visualização de arquivos Power Point e PDF, além da edição de documentos no Word e no Excel.
Mas a ênfase que a empresa tem dado é no lado “divertido” da RIM.
“Temos uma plataforma que serve para o trabalho e para o happy our também”, destaca Aldana.
Uma das apostas é em games. Enquanto os apps corporativos são mais sisudos, e menos populares, os games batem qualquer disputa, inclusive no Blackberry.
“É como comparar gratuito na internet com pago. Nem precisa perguntar quem ganha”, argumenta Aldana.
Entre os títulos já migrados para o Playbook estão a franquia campeão de instalações no iOS e no Android, Angry Birds. Completam o catálogo jogos de corrida e casuais.
“Temos o melhor hardware do mercado e estamos tirando vantagem disso”, finaliza Aldana.
Vai dar certo?
Mesmo no segmento de smartphones, a RIM tem sofrido com a consumerização da TI. Segundo dados do instituto Gartner, foram 51,5 milhões de Blackberries vendidos no ano ado, contra 89,2 milhões de iPhones.
A RIM ou de 3,1% de mercado, em 2010, para 2,9%, em 2011, além de cair da quarta para a sexta posição no ranking das maiores fabricantes.
Por enquanto, o Playbook ainda não figura nos relatórios de mercado, mas é visto por especialistas como uma alternativa ao iPad e ao ecossistema Android.
A estratégia a claramente pelo uso da base atual de clientes para atrair novos usuários. Tanto que o primeiro lançamento da empresa sequer tinha 3G, não chegando à massa de consumidores que adquire seus aparelhos subsidiados pelas operadoras.
Enquanto isso, iPhones, iPads e Android se impõem nas empresas a partir dos cargos não executivos.
O que a RIM faz, porém, é o caminho contrário da consumerização. Chegar, a partir dos executivos, nos consumidores finais.
Se esse cortejo vai dar certo, só o tempo vai dizer. Uma coisa é certa:
“Estamos nos mantendo fiéis às nossas raízes corporativas”, finaliza Martins.
* Guilherme Neves viajou a São Paulo a convite da RIM.