Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil. Foto: Divulgação.
A SAP adotou uma estratégia agressiva para ampliar a base de usuários no mercado brasileiro do Business One, seu software de gestão para pequenas e médias empresas, colocando o preço do produto no seu patamar mais baixo desde o lançamento no país, em 2006.
O B1, como é conhecido, será oferecido pelo preço de R$ 250 mensais por usuário para empresas com até 25 usuários.
O valor vale só para a versão na nuvem como serviço e não inclui o preço da hospedagem, que é oferecida por parceiros da multinacional alemã.
Precificação de software de gestão é um assunto complicado, dificuldade que é aumentada pela falta de vontade das companhias de abrir o jogo totalmente sobre o tema.
Mesmo que o preço de R$ 250 só possa ser atingido na versão mais básica do software (sem ar condicionado ou vidros elétricos, digamos), ainda assim o valor representa um marco na estratégia da SAP para o Business One no Brasil.
Em 2014, o Baguete revelou com exclusividade uma oferta promocional por três meses no valor de R$ 249, depois reajustado para R$ 299, feita em parceria com a canal paranaense NMS e o Bradesco.
Ao que tudo indica, o chamado Gestão na Web não pegou. O site está hoje fora do ar e, no ano seguinte, a NMS estava envolvida em um outro acordo semelhante, essa fez com a adquirente de cartões Elavon, voltado para o mercado de varejo e com um preço bem diferente: R$ 459.
Em conversa com jornalistas brasileiros durante o Sapphire Now, evento realizado pela empresa alemã em Orlando durante esta semana, a presidente da SAP Brasil, Cristina Palmaka, preferiu não colocar o preço no foco da conversa.
"Não se trata de qual é preço que podemos ou queremos colocar em nossa solução. Queremos mais clientes, mas queremos clientes que tem interesse em inovar e qualificar sua gestão”, aponta Cristina.
Seja como for, a verdade é que o mercado brasileiro está inundado no momento de softwares de gestão na nuvem, a maioria deles por preços mais competitivos do que o B1 e que a vantagem dada pela “grife” SAP entre grandes empresas não é tão facilmente reproduzida a medida em que se desce na pirâmide.
O resultado disso é que, apesar de estar no mercado brasileiro desde 2005, o Business One tem uma base de 6 mil clientes, o que seria respeitável para um player local, mas é pouco para o esforço da SAP até agora e frente ao potencial do mercado.
O estudo anual da FGV sobre o mercado de ERP mostra bem a situação. Na pirâmide, entre empresas com até 170 usuários de ERP, a Totvs tem 50% do mercado, contra 12% da SAP.
No topo, onde estão as instalações com mais de 700 usuários, é a SAP que tem 51%, frente a 22% da concorrente brasileira.
Ao longo dos anos, a SAP tentou diferentes abordagens para atingir a massa de clientes potenciais, tentando convencer parceiros tradicionais a abrirem braços focados em B1 e até considerando a criação de um modelo através de distribuidoras.
No final das contas, o que aconteceu foi que a paulista Ramo Sistemas consolidou uma posição como uma distribuidora de fato do B1 no Brasil.
Dentro da nomenclatura da SAP, a Ramo é uma Master VAR, o que significa que ela pode cadastrar e treinar revendas, os chamados EBMs.
A empresa já tem 170 desses parceiros no país, entre os quais 40 são pessoas físicas que fazem indicações, conhecidos no jargão do mercado como finders.
Os outros 24 Master VARs da SAP no segmento totalizam cerca de 50 EBMs.
Segundo Palmaka, o ecossistema de parceiros para a solução também não será afetado pelo corte de preços. De acordo com a presidente, as margens de lucro são protegidas pelo regulamento do programa Partner One.
"Na verdade, eles serão beneficiados com esta medida e a possibilidade de fechar mais contratos e implementações", afirma Cristina.
*Leandro Souza viajou para o SAP Sapphire Now, em Orlando, a convite da SAP.